Economia

Três principais modalidades de exportação na China têm escassez de contêineres e frete marítimo atinge recorde histórico

Durante a pandemia, o aumento contínuo das importações e a escassez de mão de obra, levou a um grande número de contêineres encalhados no exterior, o que causou a escassez de contêiner nos transportes aéreo, marítimo e ferroviário do país exportador, China. Os últimos dados do Container xChange, uma plataforma global de comércio de contêineres, mostram que na 48ª semana de 2020 (15-21 de novembro), o índice CAx (Container Availability Index) para contêineres de 40 pés no Porto de Xangai caiu para 0,05.

O índice CAx quantifica a disponibilidade de contêineres nos principais portos em todo o mundo. Quando o valor do CAx é maior que 0,5, significa que há equipamento de contêiner excedente, enquanto que abaixo de 0,5 significa que há equipamento insuficiente. No início de fevereiro deste ano, o porto de Shanghai, registrou-se o ponto mais alto deste índice (no ano 2020) que foi 0,66 e chegando ao final do ano esse índice caiu drasticamente, chegando a 0,03 na 49ª semana de 2020, o mais baixo em dois anos.

(dado retirado do site Container xChange, ilustra o CAx versus tempo, em semanas)

 

A Associação da Indústria de Contêineres da China (CCIA, na sigla em inglês) apontou que, desde julho, o volume de carga de exportação da China aumentou acentuadamente, assim como a demanda por contêineres de exportação. Mas, ao mesmo tempo, a eficiência logística global foi amplamente reduzida, as vagas dos navios internacionais são escassas e os custos de transporte subiram. Seja no mercado de frete marítimo ou na ferrovia entre China-União Europeia, registraram fenômenos de falta de contêineres, aumento do custo de transporte e atraso na cadeia de suprimentos.

A CCIA combinou os dados de monitoramento da indústria e informações de pesquisa empresarial, concluiu as causas da atual situação de escassez de contêineres se deve a quatro fatores principais:

  1. Aumento da dependência das exportações chinesas devido à pandemia da Covid-19

O Covid-19 afeta continuamente o desenvolvimento econômico global, o ritmo da recuperação econômica desigual em vários países, levou a um fortalecimento da dependência do comércio internacional em relação ao comércio da China.

A pandemia tornou difícil para as empresas de muitos países retomar o trabalho e a produção. Um grande número de fábricas em todo o mundo foi forçado a interromper a produção e demitir trabalhadores. As fábricas que retomaram a produção também precisaram intensificar as medidas de segurança e encarar a diminuição da eficiência da produção.

Na maioria dos países, o abastecimento do mercado só pode ser atendido através de importações. A China, que foi a primeira a recuperar sua economia, tinha um grande número de commodities para exportação, mas a importação de mercadorias continuou a diminuir, e o transporte em contêineres havia quebrado o nível original de equilíbrio entre chegada e partida, formando um fluxo unidirecional de contêineres da China para o exterior e exacerbando a tensão de demandas por contêineres no mercado domésticos.

  1. Surto da pandemia reduziu a eficiência do fluxo logístico internacional

Segundo a CCIA, os contêineres de exportação da China são oriundos de duas fontes: uma é a descarga de contêineres antigos vazios, a segunda são as fabricações de novos contêineres de empresas chinesas.

De acordo com as estatísticas, geralmente a escala de armazenamento de contêineres vazios do porto é de cerca de 4 milhões de TEU e a escala de armazenamento de contêineres recém-fabricados responde por 10%-20%, o volume total de produção e vendas das empresas de fabricação de contêineres da China está em torno de 2-3 milhões de TEU a cada ano.

A associação diz que, no momento, a cada exportação de 3 contêineres chineses, somente é devolvido 1 para a China. Existe um grande número de contêineres vazios nos Estados Unidos, Europa e Austrália e outros lugares. Como os habituais 60 dias para retornar o contêiner, agora demora 100 dias, o custo de aluguel de um contêiner também aumentou cerca de 150%. A eficiência da rotatividade de contêineres foi afetada e a capacidade efetiva do mercado foi limitada.

  1. As empresas marítimas (proprietários de contêineres) não conseguiram reservar normalmente os pedidos de novos contêineres no primeiro semestre do ano.

A CCIA informou que, antes de maio, o número de contêineres vazios ociosos nos portos da China atingiu um recorde histórico. Diante da pandemia mundial do primeiro semestre, as companhias de navegação, companhias de transporte marítimo fizeram uma expectativa mais pessimista do mercado neste ano.

De janeiro a maio, as empresas de produção de contêineres da China quase não receberam novas encomendas. Normalmente, a entrega de pedidos necessita de 3-4 meses, as empresas marítimas e os proprietários de caixas geralmente compram novos contêineres com antecedência para atender às exigências de transporte. Após junho, com o comércio exterior da China se recuperou rapidamente e depois do consumo de contêineres vazios, surgiram rapidamente novos pedidos de contêineres.

  1. A capacidade de produção de contêineres da China está totalmente restabelecida, mas a escassez da oferta ainda é proeminente

A CCIA apontou que a produção e as vendas de contêineres na China representam 96% do mercado global, formando uma linha completa de produtos, cadeia de fornecimento e capacidade técnica de um cluster industrial.

No primeiro semestre deste ano, a epidemia afetou seriamente as empresas fabricantes de contêineres, pois não há novas encomendas, o que fez com que a maioria das empresas produtoras de contêineres parassem a produção, reduzindo o número de trabalhadores.

Após a retomada da produção, as fábricas não conseguiram recrutar rapidamente novos trabalhadores, como soldadores, que têm demanda muito grande. O departamento nacional de supervisão de segurança exige que os soldadores possuam certificado para trabalhar, e a prova para retirar o certificado é relativamente difícil, resultando na escassez de mão de obra nas fábricas de contêineres.

 

 

Fonte: 21 caijing; caixin.com