Empreendedorismo

Quatro das maiores plataformas de e-commerce no Brasil são chinesas

Plataformas chinesas Brasil
Fonte da imagem: CardMapr.nl/ Unsplash

Cinco das dez maiores plataformas de comércio eletrônico no Brasil são asiáticas, e quatro delas são chinesas. Shopee, Temu, Shein e AliExpress, ao lado da sul-coreana Samsung, registraram juntas 639 milhões de acessos em janeiro de 2025, segundo o relatório “Setores do E-commerce no Brasil” da Conversion. O mercado de importados cresceu 68% em relação ao mesmo mês de 2024.

Apesar do avanço das plataformas asiáticas, o Mercado Livre segue na liderança, com 12,4% dos acessos, à frente da Shopee (8,6%) e da Amazon Brasil (7%). Varejistas nacionais como Americanas, Magazine Luiza e Via (dona das Casas Bahia, Extra e Ponto Frio) também ampliam investimentos para fortalecer sua presença digital, apostando em estoques locais, logística integrada e programas de fidelização para competir com marketplaces estrangeiros.

O domínio das gigantes chinesas

A Temu, pertencente à PDD Holdings, é a plataforma asiática que mais cresce. Em janeiro, a plataforma registrou um aumento de 38,5% nos acessos, adicionando 39,7 milhões de visitas a mais que no mês anterior. Seu modelo prioriza a conversão rápida, oferecendo preços baixos e um sistema de recompensas que mantém os consumidores engajados.

A Shopee continua consolidando sua presença no Brasil, investindo em logística e ampliando seu marketplace. Shein e AliExpress seguem estratégias similares, apostando em preços agressivos e experiência digital para aumentar sua base de clientes.

Mudança na dinâmica do varejo brasileiro

As redes nacionais, que antes competiam entre si, agora enfrentam plataformas que operam sem lojas físicas, sem estoques locais e com menores custos tributários. Enquanto os varejistas brasileiros lidam com desafios logísticos e altos impostos, as plataformas chinesas adotam o modelo factory-to-consumer (F2C), vendendo diretamente das fábricas para o consumidor. Essa abordagem elimina intermediários e permite margens menores, tornando a competição difícil para empresas locais.

Outro diferencial é o controle da experiência de compra. Enquanto marketplaces brasileiros dependem de lojistas independentes, as plataformas chinesas gerenciam toda a jornada do cliente, utilizando algoritmos para incentivar compras recorrentes e oferecer descontos personalizados. O AliExpress, por exemplo, tem investido em inteligência artificial para otimizar recomendações e impulsionar vendas.

Impactos e possíveis mudanças

As mudanças na política aduaneira e a tributação sobre importações podem influenciar parte desse crescimento, mas não alteram a tendência principal. As plataformas chinesas seguem expandindo suas operações, explorando categorias como eletrônicos, vestuário e produtos para casa. O investimento contínuo em logística global, hubs de distribuição e experiência do usuário mantém essas empresas à frente da concorrência.

Enquanto isso, varejistas nacionais tentam se adaptar. Empresas nacionais investem em marketplaces próprios e testam novas estratégias, mas ainda enfrentam desafios na precificação e na logística. A ascensão do e-commerce chinês no Brasil demonstra a necessidade de inovação no setor. Modelos de assinatura, personalização e maior integração digital devem ganhar força nos próximos anos, redefinindo o comportamento de consumo no país.

Crédito: Daiane Mendes