Economia

China adota medidas para aliviar dificuldades na indústria de carne bovina

Indústria de carne bovina
Fonte da imagem: Zhu Yilin/ Xinhua

O governo chinês anunciou medidas para apoiar a pecuária nacional, inserindo pela primeira vez no Documento Central Nº 1 a necessidade de “aliviar dificuldades na indústria de carne bovina e leiteira”. A decisão sinaliza um esforço concreto para reequilibrar a cadeia de suprimentos e fortalecer a produção interna diante da queda nos preços e dos desafios enfrentados pelo setor.

A inclusão desse tema no documento estratégico do governo chinês ocorre em um momento crucial. Segundo dados do Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China (MARA), divulgados em 21 de fevereiro de 2025, o preço médio da carne bovina no atacado caiu 17,4% no último ano, atingindo 57,47 CNY/kg (7,93 USD/kg). Os preços do gado vivo atingiram o nível mais baixo dos últimos dez anos, refletindo um desequilíbrio entre oferta e demanda.

A disparidade nos preços da carne bovina entre Brasil e China também merece atenção. Segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA) de São Paulo, o preço médio no atacado no Brasil é de R$ 24,50/kg (4,29 USD/kg), enquanto o preço médio FOB da carne bovina exportada para a China, conforme o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), é de 4,92 USD/kg. Com a tarifa de importação chinesa de 12% “ad valorem”, o valor médio chega a 5,51 USD/kg. Esse cenário pode estar entre os fatores que levaram à investigação do Ministério do Comércio chinês sobre as importações.

Paralelamente, o Ministério do Comércio da China anunciou, em dezembro de 2024, a abertura de uma investigação sobre as importações de carne bovina, alegando que o crescimento expressivo das importações nos últimos anos pode ter impactado negativamente os produtores locais.

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o Brasil é o maior exportador de carne bovina para a China, exportando mais de 1 milhão de toneladas em 2024, representando um aumento de 12,7% em relação ao mesmo período de 2023. O governo brasileiro acompanha de perto essa movimentação e reforça que a carne bovina brasileira não prejudica o mercado chinês, mas complementa a oferta interna.

A combinação dessas medidas sugere que a China tem buscado um maior controle sobre seu mercado interno, equilibrando incentivos à produção nacional com políticas regulatórias voltadas para as importações. Ainda não está claro quais serão os impactos diretos dessas ações sobre os fluxos comerciais entre Brasil e China.

Nos próximos meses, espera-se um acompanhamento mais detalhado sobre como essas iniciativas irão influenciar a dinâmica do mercado e se resultarão em novas exigências para os exportadores de carne bovina. O Brasil segue como parceiro estratégico da China no fornecimento de carne de qualidade, e a transparência no diálogo entre os dois países será essencial para garantir a continuidade desse comércio bilateral.

Crédito: João Luiz