O turismo industrial e científico tem atraído cada vez mais jovens na China. Desde abril de 2024, a fábrica de automóveis da Xiaomi registrou mais de 150 mil inscrições para visitas, com média de 10 mil visitantes por mês. Durante o feriado do Ano-Novo Chinês, o Museu da Cerveja Tsingtao recebeu mais de 40 mil pessoas, arrecadando RMB 4 milhões com ingressos e consumo de produtos especiais. A empresa de robótica Unitree, em Hangzhou, cobrava RMB 3.000 por ingresso, mas o acesso permaneceu limitado devido à alta demanda.
Dados da Ctrip sobre o feriado nacional de 2025 mostram que visitas a fábricas de alta tecnologia e grandes indústrias representaram mais de 20% do interesse total. Entre os destinos mais procurados estão a Fábrica Nuclear 816 (Chongqing), a Geely e a Fábrica de Foguetes de Jiaxing.
Na fábrica de automóveis da Xiaomi, robôs montam carrocerias enquanto veículos autônomos transportam peças. A montagem do carro SU7 no centro do pavilhão concentra a atenção dos visitantes. Shi Xiaomin, responsável pelo projeto de turismo industrial da Xiaomi, afirma que o objetivo é unir conhecimento técnico à experiência prática. Durante as férias de verão, mais de mil jovens acompanharam a montagem de trens de alta velocidade na CRRC, em Changchun.
O turismo industrial também se expande para fábricas alimentícias. No parque Luobawang, em Liuzhou, visitantes acompanham a produção automatizada do macarrão de arroz com caracóis e podem preparar e degustar o prato. Em Nanjing, crianças simulam a produção de leite; em Qingdao, o Museu da Cerveja oferece tours noturnos; em Baoshan, turistas observam todo o processo do café, do grão à xícara. Segundo Zhang Hui, diretor do Instituto de Turismo Moderno da Universidade de Transporte de Pequim, o setor atende à demanda da nova geração por experiências autênticas e personalizadas.
O setor ainda enfrenta desafios. Segundo Zeng Bowei, diretor do Centro de Pesquisa em Economia e Política do Turismo da Universidade de Pequim, o turismo industrial precisa evoluir de atrações isoladas para um modelo sustentável. Atualmente, representa entre 10% e 15% da receita global, mas na China ainda não chega a 5%.
O governo tem incentivado o setor desde 2016, com planos para criar 1.000 pontos de demonstração nacional até 2025. Em 2021, políticas ampliadas estimularam o aproveitamento de locais de produção e patrimônios industriais para turismo temático. Até 2024, a China registrou 122 bases nacionais de turismo industrial e 232 patrimônios industriais, promovendo visitas interativas. O Relatório de Pesquisa Profunda do Setor de Turismo Industrial na China (2023–2028) projeta que o mercado poderá superar RMB 100 bilhões até 2030.
Zeng afirma que o desenvolvimento sustentável depende de experiências imersivas e narrativas que conectem história industrial à vida cotidiana, transformando fábricas em “territórios de valor cultural e simbólico”.
Fonte: gmw.cn
Adicionar Comentário