Empreendedorismo

China soma RMB 20,6 trilhões em investimento estrangeiro e atrai novas multinacionais

China Multinacionais
Fonte da imagem: Lin Shanchuan/ Xinhua

O Instituto de Pesquisa do Ministério do Comércio da China divulgou o relatório Empresas Multinacionais na China, que analisa a atuação de companhias estrangeiras no país em meio às mudanças na globalização. Segundo o estudo, a China tem fortalecido sua atratividade ao adotar uma estratégia ampla para captar investimentos internacionais.

Até o fim de 2024, mais de 1,239 milhão de empresas com capital estrangeiro operavam no país, com um volume acumulado de investimento direto externo de RMB 20,6 trilhões.

Empresas destacam escala de mercado e estrutura industrial

No setor aéreo, a Airbus comemorou em junho os 40 anos de cooperação com a aviação civil chinesa e iniciou a construção de uma planta de reaproveitamento de aeronaves A310 em Pequim. Hoje, a China é o principal mercado da Airbus para aviões civis. A parceria cobre todas as etapas do ciclo de vida das aeronaves, do design à reciclagem.

A fabricante estima que, até 2044, a média de voos por habitante na China triplicará, passando de 0,6 em 2024 para 1,8. A projeção aponta uma demanda de cerca de 9.570 novas aeronaves nos próximos 20 anos, o equivalente a quase um quarto da demanda global.

Em Nanjing, a Phoenix Contact iniciou em junho a construção de uma nova fábrica integrada, com investimento de RMB 1 bilhão e área de 55 mil m². A empresa prevê aumento de duas a três vezes em sua capacidade de produção em cinco anos. A operação mira setores como energia renovável e manufatura inteligente.

Durante a Cúpula de Líderes de Empresas Multinacionais, realizada em Qingdao, a Kraft Heinz lançou um novo produto e anunciou novos aportes na fábrica local, que recebe investimentos contínuos há três décadas. Segundo a empresa, Qingdao oferece uma cadeia industrial integrada e acesso logístico eficiente por diferentes modais.

O professor Han Jian, da Universidade de Nanjing, afirma que a escala do mercado chinês se reflete tanto na demanda quanto na oferta. Ele destaca o papel das cadeias de suprimentos, da infraestrutura e da logística para a redução de custos operacionais das multinacionais.

Estabilidade política e avanços regulatórios impulsionam investimentos

A Bayer obteve em junho a certificação nacional de um sistema de injeção de contraste na área de diagnóstico por imagem, a primeira do tipo para a empresa no país. A aprovação foi viabilizada por avaliação antecipada das autoridades, que reduziu o tempo de inspeção de seis meses para um mês e meio.

A companhia também instalou sua primeira fábrica de dispositivos médicos de imagem em Pequim. A direção da empresa citou o apoio regulatório e as melhorias no ambiente de negócios como fatores decisivos para ampliar a presença local.

A alemã Henkel também reforçou sua atuação no país. Em 2021, instalou um centro global de P&D em Xangai. No ano de 2023, iniciou a construção de uma nova base industrial em Yantai. E em 2025, entrou em operação uma nova unidade de cosméticos em Taicang, província de Jiangsu.

Segundo Yu Jiang, executivo da Henkel China, o ambiente de negócios tem melhorado com a redução das barreiras de entrada e a eliminação de restrições ao capital estrangeiro na indústria manufatureira desde 2024. Ele atribui a expansão dos investimentos ao apoio governamental e à previsibilidade regulatória.

Analistas destacam que a estabilidade política e a consistência das políticas públicas mantêm a China como ambiente seguro para operações de longo prazo. A ampliação unilateral da abertura comercial também favorece o planejamento das multinacionais.

Inovação e integração com a economia digital atraem centros de P&D

A Schneider Electric, presente na China há 38 anos, considera o país seu segundo maior mercado global e uma de suas principais bases de fornecimento. Segundo Yin Zheng, vice-presidente da empresa, a companhia opera cinco centros de P&D na China e tem aumentado os investimentos em inovação a uma taxa anual superior a 18% desde 2019.

A empresa também incorporou tecnologias de inteligência artificial em suas fábricas de Putuo e Wuxi, tornando essas unidades referências em digitalização para o setor industrial.

A Epson, por sua vez, adotou uma abordagem que combina inovação tecnológica e adaptação ao mercado local. Além disso, a empresa desenvolveu mais de 10 soluções em robótica industrial voltadas para setores como automotivo, 3C, saúde e energia. Também lançou serviços de impressão compartilhada com foco em sustentabilidade ambiental.

Segundo Tetsuya Iwasaki, presidente da Epson China, a companhia tem desenvolvido soluções com parceiros locais e busca aprofundar sua integração ao ecossistema de inovação do país.

Desde 2023, o Ministério do Comércio e o Ministério da Ciência e Tecnologia publicaram diretrizes para atrair centros de P&D estrangeiros. O relatório aponta aumento expressivo nos investimentos desde então.

Até maio de 2025, Xangai registrava 603 centros de P&D com capital externo. Pequim, por sua vez, reconheceu 110 novos centros em 2024, totalizando 221 unidades no início de 2025.

Fonte: news.southcn.com