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Empreendedores chineses: o novo item de exportação do país

Empreendedores chineses

Em conversas com investidores chineses alguns anos atrás, ouvi pela primeira vez a expressão Legião Chinesa. Eles estavam buscando pessoas nesse perfil para investir no Brasil.

Basicamente refere-se a profissionais e empreendedores, de origem chinesa, que nasceram ou moram em outros locais e tem familiaridade com a cultura e preferencialmente com práticas de negócios e gestão do país asiático.

A ideia é que esses talentos facilitam qualquer processo de adaptação de um negócio fundado na China ou com base em modelos daquele país.

O movimento dos últimos anos de copiar modelos de negócios digitais de sucesso na China conhecido como Copy From China se beneficia da capacidade de entendimento, comunicação e implementação de quem conhece ou principalmente viveu de perto.

A Legião Chinesa existe em abundância no Sudeste Asiático. Pela proximidade geográfica e histórica, chineses têm imigrado para a região há séculos. Na Indonésia, por exemplo, mais de 10% da população tem ascendência direta da etnia Han (mais de 90% da China).

Para ilustrar melhor na prática, nada melhor do que pegar o maior exemplo da atualidade: Shopee.
A empresa pertence ao SEA, fundado em Cingapura por Forrest Li. Nascido em Tianjin, no norte da China, Forrest fez faculdade em Shanghai e seguiu carreira na cidade onde mais tarde viria a fundar seu império.

O grupo é composto por uma série de negócios, tendo nascido a partir da Garena, uma empresa de jogos mais conhecida pelo mega sucesso Free Fire. Entre os primeiros e principais investidores estavam a gigante chinesa Tencent.

Empreendedores chineses no Brasil

No Brasil, estamos vendo o surgimento de uma nova Legião Chinesa digital. Entre os primeiros exemplos, temos Bruno Chan e Stone Zheng. Bruno nasceu no Brasil, de país chinês, e começou a carreira na China atuando em comércio internacional e depois venture capital.

Stone é um profissional com track record no mercado chinês, onde atuou em diversas posições até ter participado como COO de uma fintech que mais tarde fez IPO.

Antes passou pela Uber China, de onde saíram diversos empreendedores, inclusive um dos fundadores da Liquido, fintech onde estou como conselheiro.

A dupla foca agora na klavi, spin-off criada para atuar no fértil terreno do open finance brasileiro. Ambos os negócios usam equipe de tecnologia baseada em Hangzhou, onde fica a sede do Alibaba. E para fechar o pacote, um dos investidores iniciais foi o lendário Qi Lu, ex conselheiro pessoal de Bill Gates.

Chegamos a viver uma onda de legião estrangeira no início em 2010 dessa fase de empreendedorismo digital que estamos vivendo. Europeus, muitos oriundos da máquina Rocket Internet, e americanos vieram ao Brasil que decolava na capa da The Economist.

Alguns permanecem com grandes histórias de sucesso como Kai Philipp Schoppen, da Infracommerce, Fabien Mendez, da Loggi, Thibaud Lecuyer, da Dafiti e atual CEO da Loggi, e Dominique Oliver, da Amaro, Federico Vega da Frete.com, Sergio Furio da Creditas e David Vélez do Nubank.

Eu mesmo fiz parte dessa fase como co-fundador de 2 startups (Baby e 4vets), onde tive 5 estrangeiros como sócios, além dos investidores, e agora estou envolvido nessa nova onda chinesa. E para expandir as iniciativas, faço parte do Brazil China Network, uma rede formada por empreendedores, executivos e investidores chineses brasileiros atuantes em tecnologia.

Texto original publicado por In Hsieh no LinkedIn