O Museu Digital Itinerante do Museu da Mongólia Interior, conhecido entre moradores como “Ulan Muqir da frente museológica” — referência à expressão mongol para “equipe cultural vermelha” — percorre cidades, ligas e municípios da região, levando exposições digitais de relíquias históricas a locais com pouco acesso a serviços culturais.
O projeto passou a integrar, em 2024, a lista da Administração Nacional de Patrimônio Cultural de casos exemplares de alto desenvolvimento de qualidade na área do patrimônio cultural.
Distribuição de recursos culturais
A Mongólia Interior, que abrange as regiões conhecidas como “Três Nortes”, tem 103 condados e 4.200 km de fronteira. Cerca de dois milhões de pessoas vivem em áreas fronteiriças, onde a distância e a distribuição desigual de recursos dificultam o acesso à cultura.
Em 2010, após três anos de desenvolvimento, o Museu da Mongólia Interior inaugurou o primeiro museu digital móvel do país. Totalmente digitalizado, o projeto utiliza tecnologia avançada e formatos inovadores para levar acervos diretamente às comunidades.
O veículo de exposição tem 4 metros de altura, 2,6 metros de largura e 18 metros de comprimento. Seu salão interno de 45 m² reúne recursos como reconstrução digital tridimensional de alta precisão, interação por toque e realidade aumentada (AR). O público pode girar e ampliar imagens em qualquer ângulo para observar detalhes das peças.

Segundo a equipe do museu, mais de mil itens do acervo foram digitalizados em 3D com precisão milimétrica, formando um banco de modelos digitais interativos. Para muitos visitantes, o contato com o projeto representa a primeira experiência com um museu digital.
Percurso e alcance
Desde sua primeira apresentação no Dia Internacional dos Museus, em 2013, o Museu Digital Itinerante percorreu as 12 cidades-ligas e os 103 condados da Mongólia Interior. Em cada local, a equipe de educação social realiza atividades pedagógicas para contextualizar a história e a cultura das peças.
As visitas alcançam públicos variados. Em escolas, como no campus Shengle da Universidade Normal da Mongólia Interior, mais de 200 alunos e professores interagiram com as exposições. Em Chayouhouqi, na cidade de Ulanqab, mais de 400 visitantes utilizaram AR para “segurar” virtualmente um dragão de jade da Era Neolítica e conhecer reconstruções digitais da Rota da Seda.
Para Honggeer, do Departamento de Educação Social do Museu da Mongólia Interior, a principal contribuição do projeto é “entrar nas comunidades e permitir que a população tenha acesso direto a formas modernas de difusão cultural”.
Resultados
Em mais de dez anos, o museu itinerante realizou 420 exposições em áreas agrícolas, pastoris, militares, comunitárias, escolares e em antigas bases revolucionárias. O projeto percorreu mais de 40 mil quilômetros, promoveu 199 atividades educativas e atendeu diretamente mais de 210 mil moradores.
De acordo com o comentarista cultural Wang Feng, a iniciativa representa uma mudança no modelo de acesso cultural: de “esperar que o público venha” para “levar até ele” conteúdos de patrimônio histórico.
Fonte: stdaily.com
Adicionar Comentário