O livre-streaming não é um fenômeno novo na China, mas viu um boom durante a pandemia do coronavírus. As lives de vendas de produtos online (live streaming e-commerce ou livecommerce) foram as que mais cresceram. Em 2019, a indústria movimentou US$ 61, 3 bilhões, e poderá dobrar em 2020, de acordo com a iResearch. Novas regras previstas para entrar em vigor em julho podem impôr restrições à prática e garantir a segurança dos usuários.
Em junho, a China Advertising Association formulou o “Código de Conduta para Atividades de Marketing Ao Vivo Online” e divulgou uma lista de exigências a serem cumpridas a partir de julho por empresas que fazem livecommerce. Tais exigências incluem o padrão de qualidade dos produtos, modo de cobrança, promoção e tráfego no setor de transmissão ao vivo e os âncoras.
Durante as transmissões ao vivo, as empresas não poderão usar termos como “o preço mais baixo em toda a rede”, “nível nacional”, “superior”, “melhor”, ou palavras comparativas semelhantes de terminologia ilegal. Essas regras seguem a Lei da Publicidade da China.
Como parte importante do livestreaming, o âncora que está apresentando os produtos deve obter um certificado de qualificação após treinamento e ser registrado em instituições profissionais. Na plataforma para a transmissão ao vivo, o âncora deve ser registrado com nome real e é proibido transferir ou emprestar sua conta a terceiros. Na frente das câmeras é permitido usar apelidos ou outros nomes desde que atendam aos requisitos estabelecidos.
Na semana passada, um relato no Twitter mostrou que estrangeiros não podem aparecer em lives na China. O perfil @JoshuaDummer, relatou que a conta de sua esposa fora bloqueada após ele aparecer rapidamente na live. O TikTok (Douyin na China) notificou dizendo que era proibida a aparição de estrangeiros.
Além disso, os dados de marketing fornecidos pela âncora aos comerciantes e plataforma de marketing online devem ser verdadeiros, e passarão por checagem. As novas regras visam evitar a falsificação de dados de tráfego, assim como a falsificação de comissões de comerciantes e promoções falsas.
As regulações das atividades de live-streaming, porém, não são totalmente novas. Pelo menos desde 2016, a Administração do Ciberespaço da China vem trabalhando para melhorar a segurança no tipo de conteúdo transmitido, principalmente em jogos online e entretenimento. As punições são para casos de uso inadequado de linguagem (como palavrões), imagens (pornografia, nudez ou roupas consideradas provocativas), e jogos de azar. Em junho, 10 plataformas, incluindo douyu.com, bilibili.com e huya.com, foram punidas por violar os regulamentos ao transmitir conteúdo inapropriado.
Durante a pandemia, diversas empresas chinesas, não apenas de e-commerce se beneficiaram da nova modalidade para divulgar produtos e impulsionar vendas com influenciadores digitais usando sua imagem para alcançar mais pessoas, e até CEOs de empresas, como é o caso de Mingzhu Dong, CEO da Gree Electric Appliances, que em sua primeira live pelo aplicativo de vídeos Kuaishou, conseguiu vender o equivalente a R$ 257 milhões.
Os agricultores, cujo setor foi severamente afetado pela pandemia, encontraram na tecnologia e nas lives, uma forma de vender produtos. Com o auxílio de empresas de ecommerce como Pinduoduo e Alibaba, eles puderam vender frutas e legumes direto para os consumidores. Muitos fazem lives direto das plantações demonstrando a qualidade dos alimentos direto do pé. Prefeitos de cidades foram para a frente das câmeras promover produtos agrícolas de seus municípios.
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Por Keila Cândido
Com informações de Xinhua News Agency