A economia da China está dando novos sinais de recuperação, com a inflação ao consumidor acelerando em janeiro devido à influência do feriado do Festival da Primavera. Os dados oficiais divulgados neste domingo (9) apontam para uma retomada gradual da demanda interna. De acordo com dados do Escritório Nacional de Estatísticas (NBS, na sigla em inglês), o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), principal indicador da inflação, subiu 0,5% em janeiro na comparação anual, após um crescimento de 0,1% em dezembro.
O núcleo do IPC, que exclui os preços voláteis de alimentos e energia e é considerado um indicador mais preciso da relação entre oferta e demanda, registrou alta de 0,6% em janeiro, ante 0,4% em dezembro.
Analistas projetam que a economia chinesa terá um início robusto no primeiro trimestre, impulsionada pela intensificação dos esforços para expandir o programa de renovação do consumo em 2025, pela aceleração na implementação de projetos estratégicos e pelos primeiros indícios de estabilização do mercado imobiliário.
No entanto, alertam que a economia ainda enfrenta desafios, como a demanda enfraquecida e incertezas externas. Nesse contexto, recomendam que as autoridades ampliem os ajustes anticíclicos na política fiscal e monetária, incluindo um pacote abrangente de estímulos para impulsionar o consumo e estabilizar o setor habitacional.
Feng Lin, diretora-executiva de pesquisa da Golden Credit Rating International, destacou que a inflação ao consumidor acelerou principalmente devido à antecipação do Festival da Primavera, que este ano ocorreu em janeiro, diferentemente do ano passado, quando foi celebrado em fevereiro. Essa mudança no calendário impulsionou o aumento nos preços de alimentos e serviços.
“Para 2025, espera-se que a inflação ao consumidor permaneça em um nível baixo, o que abre espaço para um ajuste mais forte da política anticíclica”, afirmou Feng. Ela ressaltou, porém, que a demanda doméstica continua um desafio, em grande parte devido à correção em curso no setor imobiliário, que afeta a confiança dos consumidores, além da desaceleração no crescimento da renda disponível per capita no ano passado, impactando o poder de compra das famílias.
Por outro lado, o índice de preços ao produtor (IPP), que mede a variação dos preços na porta das fábricas, caiu 2,3% em janeiro na comparação anual, mantendo-se no mesmo nível do mês anterior.
Feng observou que a recuperação da demanda de mercado ainda não foi suficiente para sustentar um aumento nos preços industriais. Segundo ela, o retorno do IPP ao território positivo dependerá da eficácia das medidas anticíclicas adotadas pelo governo em 2025, com as políticas de apoio ao setor imobiliário desempenhando um papel crucial.
Em entrevista coletiva no início do ano, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma informou que o limite anual do programa de renovação do consumo será significativamente maior do que em 2024, com o anúncio oficial previsto para ocorrer durante as “Duas Sessões”, os encontros anuais dos principais órgãos legislativos e consultivos da China.
Louise Loo, economista-chefe do think tank britânico Oxford Economics, disse que espera “um aumento significativo nas cotas de emissão de títulos destinadas a gastos com estímulos” nas reuniões de março, com aproximadamente um terço desses recursos sendo direcionado para medidas de suporte ao consumo, incluindo a ampliação do programa de renovação de bens de consumo.
Na frente fiscal, o Banco Popular da China (PBoC) indicou, em sua reunião de política monetária do quarto trimestre, que haverá mais cortes na taxa de compulsório e nas taxas de juros “no momento apropriado”. Loo e sua equipe preveem um corte acumulado de 40 pontos-base na principal taxa de juros — o maior em um único ano desde 2015 — e uma redução de 150 pontos-base no compulsório bancário ao longo de 2025.
Luo Zhiheng, economista-chefe da Yuekai Securities, afirmou que, apesar dos desafios estruturais internos e das incertezas externas, a China ainda possui condições favoráveis para garantir um crescimento estável no primeiro trimestre, impulsionado por medidas governamentais de estímulo ao consumo e ao investimento empresarial, além dos primeiros sinais de estabilização no setor imobiliário.
Li Chao, economista-chefe da Zheshang Securities, destacou que a economia chinesa deve começar o ano com força. “A meta de crescimento anual da China para 2025 pode ser mantida em torno de 5%, igual ao ano anterior. O PIB do primeiro trimestre deve crescer 5,1%, com a economia ao longo do ano apresentando uma recuperação em formato de ‘U'”, afirmou.
Tradução: Mei Zhen Li
Fonte: 21 Jingji