Tecnologia

Cientistas chineses desenvolvem ovelhas com genes modificados para ajudar no aumento da produção de carne

Pesquisadores da Academia de Ciências Agrícolas de Jiangsu da China desenvolveram a primeira ovelha, nomeada de “Hu”, com o gene da miostatina (MSTN, na sigla em inglês) modificada, com a esperança de que a tecnologia aumente a produção e a qualidade do carneiro para a indústria nacional. Disse a instituição em um comunicado à imprensa.

O gene MSTN fornece instruções para a produção de uma proteína chamada miostatina, que inibe o crescimento e o desenvolvimento dos músculos.

Quando o gene da miostatina sofre mutação natural, isso resulta em crescimento acelerado do músculo magro. Um exemplo desse fenômeno é o Belgian Blue, uma raça de gado de corte da Bélgica com físico extremamente magro, hiperesculturado e ultramuscular após a mutação genética da miostatina.

Cientistas da instituição empregaram essa mutação que ocorre naturalmente em suas pesquisas e usaram CRISPR / Cas9 – uma nova tecnologia de edição de genes – para modificar o gene da miostatina. A eficiência de edição acabou sendo superior a 80%, de acordo com Cao Shaoxian, o cientista-chefe do projeto.

As taxas de crescimento de duas em cada cinco ovelhas foram significativamente mais altas, com seus pesos em dois meses 25% maiores do que os de suas contrapartes criadas naturalmente, informou o Science and Technology Daily na quinta-feira.

A ovelha Hu é uma das raças ovinas locais mais distintas da China, com origens na Mongólia, e é comumente reconhecida por suas peles de cordeiro grossas. A raça é mais conhecida por ter altas taxas reprodutivas, grandes ninhadas e ser muito adaptável a climas quentes e úmidos.

Especialistas em agricultura afirmam que a tecnologia recém-desenvolvida pode ajudar a estabelecer programas de melhoramento genéticos e reduzir a dependência do país das importações.

Wang Zuli, pesquisador adjunto do Instituto de Economia Agrícola e Desenvolvimento da Academia Chinesa de Ciências Agrícolas, disse ao Global Times que a tecnologia de edição de genes pode ser uma forma de melhorar a produção de carneiro e a porcentagem de carne magra, desde que não há grande diferença entre as ovelhas com edição genética e as raças estrangeiras.

A tecnologia também pode reduzir a dependência do país nas importações de gado estrangeiro, acrescentou.

Em 2019, o consumo chinês de carne de carneiro atingiu 5,27 milhões de toneladas, superior ao rendimento nacional de carneiro de 4,88 milhões de toneladas, intensificando os esforços para aumentar a produção. A carne de carneiro da Austrália e da Nova Zelândia foi responsável por 97,6% das importações do país no mesmo ano, de acordo com o Global Times.

O consumo per capita de carne ovina é muito maior na China do que em alguns dos principais mercados, incluindo os Estados Unidos: 3,5 vs. <0,5 kg (1 kg = 2,2. Lbs.).

 

 

Fonte: Pandaily