A UBS, provedora de serviços financeiros, prevê um crescimento de 10% na capacidade instalada de energia fotovoltaica na China em 2025, alcançando entre 260 e 280 gigawatts. Esse aumento será impulsionado principalmente por projetos em terra, conduzidos por empresas estatais.
“Este ano marca o encerramento do 14º Plano Quinquenal da China (2021-2025). Muitas empresas estatais ainda estão de 30% a 40% distantes de suas metas para 2025, o que pode levar a um aumento nas instalações fotovoltaicas, especialmente em projetos de grande escala,” disse Yan Yishu, analista de utilidades da UBS Securities.
Yan destacou que os desafios de rentabilidade no setor, causados pelo desequilíbrio entre oferta e demanda, devem diminuir com uma série de políticas favoráveis introduzidas no final de 2024.
“O setor está acelerando em direção ao reequilíbrio, com melhorias perceptíveis nas dinâmicas de oferta e demanda já previstas para o segundo trimestre de 2025. Um equilíbrio mais consistente pode ser alcançado entre 2026 e 2027,” ela explicou.
Políticas governamentais e eficiência energética
A Conferência Central de Trabalho Econômico, realizada em dezembro, enfatizou a necessidade de evitar uma competição descontrolada baseada em preços em setores específicos e promover um crescimento sustentável. Em resposta, o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação (MIIT) elevou os padrões de consumo de energia para projetos de produção de silício policristalino. Capacidades existentes agora devem operar com consumo inferior a 60 kWh por quilograma, enquanto novos projetos precisam atender ao limite de 53 kWh por quilograma.
Yan elogiou a iniciativa do MIIT como essencial para promover práticas energéticas eficientes, eliminar capacidades ultrapassadas e elevar os padrões de novos projetos. Segundo ela, cerca de 20% da capacidade de produção existente pode ser afetada, resultando em restrições operacionais.
Adaptação do mercado
Empresas e associações do setor estão defendendo cortes autônomos de produção e cotas para reduzir as taxas operacionais para menos de 50%. Embora detalhes ainda estejam sendo definidos, essas medidas prometem reformular o setor.
Em resposta, empresas líderes como Tongwei Co Ltd e Daqo Energy anunciaram cortes de produção. A Tongwei reduzirá gradualmente a produção em quatro fábricas de silício cristalino de alta pureza, enquanto a Daqo ajustará suas linhas de produção de polissilício nas regiões de Xinjiang e Mongólia Interior.
Desafios para os fabricantes
Tan Youru, analista da BloombergNEF, destacou o dilema enfrentado pelos fabricantes: vender produtos abaixo do custo e esgotar reservas de caixa ou reduzir a produção e aumentar o custo por unidade. Ele acredita que esse desafio persistirá por pelo menos mais um ano.
“Há um excedente estimado de 300 a 350 mil toneladas de materiais de silício, suficiente para produzir mais de 150 GW de módulos, equivalente a três meses de demanda do mercado. Se os preços subirem para restaurar a rentabilidade, muitas fábricas inativas poderão ser reativadas, dificultando uma recuperação significativa dos preços,” explicou.
Perspectivas do setor
Dados da Associação da Indústria Fotovoltaica da China mostram que, apesar do crescimento superior a 20% na produção de componentes como silício policristalino, wafers, células e módulos nos primeiros 10 meses de 2024, os preços caíram drasticamente. O silício policristalino teve redução superior a 35%, os wafers caíram mais de 45%, e as células e módulos mais de 25%. O valor de produção do setor fotovoltaico caiu 43,17% ano a ano, totalizando cerca de 781,1 bilhões de yuans (US$ 106,5 bilhões).
Apesar disso, sinais de recuperação começaram a surgir, com preços de compra se estabilizando desde meados de outubro e uma tendência recente de estabilidade ao longo da cadeia industrial.
Para Yan, a diversificação da cadeia de suprimentos será crucial para as empresas chinesas nos próximos cinco a dez anos, ajudando a mitigar riscos geopolíticos.
Tradução: Mei Zhen Li
Fonte: China Daily