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Descoberta chinesa revela potencial das plantas na extração sustentável de terras raras

Extração sustentável terras raras
Fonte da imagem: Instituto de Geoquímica de Guangzhou, da Academia Chinesa de Ciências

Pesquisadores chineses identificaram, pela primeira vez, que plantas podem gerar minerais de terras raras de forma natural, oferecendo alternativa à mineração tradicional, que causa danos ambientais. A descoberta foi publicada, em 5 de novembro, na revista Environmental Science & Technology por uma equipe liderada por Zhu Jianxi, do Instituto de Geoquímica de Guangzhou, da Academia Chinesa de Ciências.

O estudo analisou a samambaia Dryopteris urinaria, que acumula grandes quantidades de elementos de terras raras (ETR) do solo. Os cientistas observaram que esses elementos se organizam entre as células do tecido vegetal e formam uma monazita de lantânio, um mineral usado na indústria de alta tecnologia, incluindo inteligência artificial, energias renováveis e defesa nacional.

A samambaia atua como um “aspirador de terras raras”, absorvendo os elementos dispersos no solo e concentrando-os nos feixes vasculares e tecidos epidérmicos das folhas. Nessas regiões, os ETR precipitam como nanopartículas e cristalizam-se em minerais de fosfato de terras raras. Segundo Zhu Jianxi, esse processo protege a planta: “A planta ’empacota e sela’ os íons de terras raras, que poderiam danificar suas células, transformando-os em estruturas minerais inofensivas”.

Extração sustentável terras raras
Fonte da imagem: Instituto de Geoquímica de Guangzhou, da Academia Chinesa de Ciências

A monazita natural, embora importante para a indústria, contém urânio e tório radioativos, o que dificulta sua extração e uso. Já a monazita produzida pelas plantas, chamada de “bio-monazita”, é livre de radiação e cresce em condições normais de temperatura e pressão, oferecendo potencial para extração sustentável.

Anteriormente, acreditava-se que apenas microrganismos e animais podiam formar minerais biologicamente. A descoberta da mineralização em plantas, como Cynodon dactylon e Dryopteris urinaria, amplia o conhecimento sobre processos de biomineralização e sugere possibilidades para mais de mil espécies hiperacumuladoras conhecidas.

O estudo indica que é possível recuperar terras raras valiosas plantando espécies hiperacumuladoras. Esse método permite extrair os elementos das plantas, remediar solos contaminados e restaurar ecossistemas degradados, criando um modelo de reciclagem e recuperação ambiental de forma sustentável.

Fonte: stdaily