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China é o maior mercado de sorvetes do mundo e está de olho no Brasil

Sorvetes China
Fonte da imagem: Sun Fanyue/ Xinhua

O mercado de sorvetes da China movimentou US$19,16 bilhões em 2024 e deve crescer para US$33 bilhões até 2033, segundo a consultoria Renub Research. Desde 2014, o país lidera o setor em receita e consumo e, hoje, é o maior consumidor global do produto. O crescimento reflete mudanças no comportamento dos consumidores chineses, nas estratégias das empresas e na forma de comprar e consumir sorvete.

O consumo se concentra nas regiões leste e sul, especialmente em cidades como Xangai e Hangzhou. No norte, onde o clima é mais frio, a demanda é menor. Ao mesmo tempo, os hábitos dos consumidores estão mudando. Sorvetes caros, que antes eram símbolos de status, agora dividem espaço com produtos mais baratos, vendidos por menos de 5 yuans (cerca de R$3,75), que viralizam nas redes sociais. Em junho de 2025, o tema “o sorvete retorna à era de 5 yuans” teve mais de 63 milhões de visualizações no Weibo, mostrando como preço baixo pode atrair novos públicos.

A aparência dos sorvetes também virou um atrativo na hora da compra. Produtos inspirados em pontos turísticos ou elementos culturais são vendidos em museus e parques, atraindo consumidores que buscam experiências visuais e gastronômicas únicas. Um sorvete de RMB 15 (R$ 11,20), com design de um palácio histórico, vale pelo sabor e pelo efeito “instagramável”. Além disso, marcas locais estão criando sabores com ingredientes tradicionais chineses, como matcha, feijão vermelho e gergelim preto, e versões mais saudáveis, com menos açúcar e gordura ou à base de plantas. Formatos diferentes, como mochi e picolés artesanais, também registram alta demanda.

Ao lado dessas mudanças de comportamento, a China investe fortemente em tecnologia e logística. A cadeia de frio avançou e garante que sorvetes possam ser vendidos online sem riscos. O e-commerce de sorvetes deve atingir US$2,27 bilhões até 2025, representando 28,3% do total de alimentos congelados vendidos online, segundo a Renub Research. Empresas chinesas como Yili e Mengniu lideram o setor, com 17% e 10% de participação, enquanto marcas estrangeiras, como Nestlé e Häagen-Dazs, são mais populares nas grandes cidades.

Mixue: do interior da China ao Brasil

A Mixue começou em 1997, quando o funadaor, Zhang Hongchao, abriu uma pequena loja de raspadinhas em Henan. Mas o sucesso veio apenas em 2005, quando o empreendedor passou a vender cones de sorvete por 1 yuan (cerca de R$0,80), que conquistaram o público de baixa renda. A rede cresceu rapidamente e, em 2024, ultrapassou o McDonald’s e Starbucks em número de lojas, após dobrar sua rede, com mais de 45 mil pontos de venda no mundo.

Agora, a Mixue mira o Brasil. A empresa acaba de chegar ao país e prepara a abertura de lojas, sendo a primeira delas em um shopping na Avenida Paulista, em São Paulo. Segundo a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), a rede planeja investir R$3,2 bilhões no país e gerar 25 mil empregos até 2030. A empresa pretende replicar no mercado latino-americano seu modelo de baixo custo, aplicado com sucesso na China.