A fabricante chinesa BYD superou a Tesla em vendas no último trimestre de 2023, consolidando-se como a principal vendedora mundial de veículos elétricos. Esse feito reflete a crescente demanda por mobilidade sustentável na China, o maior mercado automotivo do mundo. A Tesla, por sua vez, divulgou na terça-feira um recorde de 484.500 entregas de veículos elétricos no mesmo período, aproximadamente 40.000 unidades a menos do que a notável performance da BYD.
Pela primeira vez, a BYD conseguiu ultrapassar a gigante norte-americana Tesla em vendas trimestrais de veículos elétricos com bateria. Apesar desse triunfo, a Tesla ainda liderou as vendas globais ao longo de 2023, registrando a impressionante marca de 1,81 milhão de unidades, enquanto a BYD atingiu 1,57 milhão de veículos elétricos, representando um notável aumento de 73% em relação ao ano anterior.
A ascensão meteórica da BYD à fama global simboliza não apenas seu sucesso, mas também a vantagem competitiva crescente da China no setor de veículos de nova energia. O país, que iniciou seus esforços nesse campo em 2009, tem se destacado por políticas governamentais proativas e investimentos em infraestrutura de recarga, consolidando sua posição como o maior mercado global de veículos elétricos e um epicentro de inovação nesse setor crucial.
Xu Haidong, vice-engenheiro-chefe da Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis, observou que “o rápido crescimento do setor de veículos de nova energia e o surgimento de marcas chinesas locais estão impulsionando o desenvolvimento geral do setor automotivo”.
Projeções otimistas da associação apontam para vendas de 9 milhões de veículos de nova energia na China em 2023. Nos primeiros 11 meses do ano passado, as entregas totalizaram 8,3 milhões de unidades, refletindo um aumento expressivo de 36,7% em relação ao ano anterior. Nesse período, os veículos de nova energia representaram 30,8% do mercado total de veículos, sinalizando uma preferência crescente dos consumidores chineses por opções de mobilidade sustentável. A expectativa é que essa participação alcance 40% no decorrer deste ano, conforme destacado pela China Passenger Car Association.
O boom nas vendas de veículos de nova energia tem atraído empresas de tecnologia para o cenário automotivo. A Huawei, por exemplo, anunciou na segunda-feira que os pedidos para seu SUV Aito M9, desenvolvido em parceria com a fabricante chinesa Seres, ultrapassaram 30.000 em apenas sete dias após o lançamento, com entregas em massa previstas para começar em fevereiro. Enquanto isso, a Xiaomi, conhecida por seus smartphones, revelou seu primeiro veículo no final de dezembro, um sedã que, segundo a empresa, supera concorrentes de peso, como o Porsche Taycan e o Tesla Model S, em aspectos como aceleração e autonomia com uma única carga.
As montadoras internacionais, reconhecendo a importância do mercado chinês, intensificaram suas operações no país. A Tesla, por meio de sua vice-presidente, Grace Tao, revelou que quase 100% da força de trabalho da fábrica em Xangai é chinesa, e 95% dos componentes são adquiridos localmente. A fábrica em Xangai produziu cerca de 600.000 Model 3s e Model Ys no ano passado, representando cerca de um terço das entregas globais totais da Tesla.
A Volkswagen, por sua vez, estabeleceu um hub de ponta em Hefei, na província de Anhui, dedicado ao desenvolvimento e produção de veículos elétricos. A empresa também formou parcerias estratégicas com empresas de tecnologia chinesas, incluindo a Horizon Robotics, para aprimorar soluções de direção autônoma e funcionalidades inteligentes de cabine em seus modelos destinados ao mercado chinês.
A movimentação também ocorre no cenário de exportações. Em dezembro, a Volkswagen iniciou o envio de veículos elétricos produzidos em Hefei de volta para a Europa, consolidando ainda mais a China como um player-chave nas exportações globais de veículos, com 1,09 milhão de veículos elétricos exportados nos primeiros 11 meses de 2023, um aumento expressivo de 83,5% em relação ao ano anterior. Esse número impulsionou as exportações totais de veículos da China para 4,41 milhões de unidades no mesmo período, destacando o domínio crescente da nação nesse cenário competitivo.
Tradução: Mei Zhen Li
Fonte: Southcn
Imagem principal: Shen Bohan/ Xinhua