Em 25 de julho, no Salão de Pequim do Grande Palácio do Povo, o presidente Xi Jinping discursou diante de 16 novos embaixadores estrangeiros na China e do secretário-geral da Organização de Cooperação de Xangai. Xi afirmou que, diante de mudanças geopolíticas em curso, os países devem ampliar a cooperação internacional e agir com responsabilidade coletiva diante dos desafios comuns.
Desde o início do ano, Xi Jinping intensificou a diplomacia de Estado com características chinesas. A agenda externa tem priorizado a articulação com países da Ásia Central, África, Europa Oriental e América Latina, além da defesa de uma nova governança global multipolar.
Durante a cerimônia, Xi fez um apelo direto: “Sejamos praticantes da amizade e cooperação, promotores do intercâmbio entre civilizações e construtores de uma comunidade com futuro compartilhado para a humanidade.”
Cooperação com a Ásia Central
Em junho, o presidente participou da segunda Cúpula China-Ásia Central em Astana, no Cazaquistão. O encontro deu continuidade à agenda iniciada em 2023, em Xi’an. Xi Jinping afirmou que a cooperação com a região se sustenta em mais de dois mil anos de intercâmbio e se consolidou nos últimos 30 anos com base em confiança política e econômica.
Ele também apresentou o conceito de “Espírito China-Ásia Central”, baseado em cinco eixos: respeito, confiança, benefício, apoio e desenvolvimento conjunto.
A China tem investido na construção de uma nova fase de cooperação com a Ásia Central por meio da Nova Rota da Seda, que envolve infraestrutura, comércio e energia. A diplomacia chinesa usa marcos históricos, como a Rota da Seda e a figura de Zhang Qian, emissário da dinastia Han, para reforçar essa continuidade estratégica.
Diplomacia baseada na memória histórica
Em maio, Xi Jinping visitou Moscou a convite do presidente russo Vladimir Putin. A visita integrou as comemorações pelos 80 anos da vitória soviética na Segunda Guerra Mundial. Xi e Putin assinaram uma declaração conjunta com foco em preservar a memória do conflito, manter a paz e defender o direito internacional.
Durante o desfile na Praça Vermelha, Xi assistiu à marcha da tropa de cerimônia do Exército Popular de Libertação. A imagem reforçou a aliança sino-russa em meio à atual reorganização geopolítica.
A China também prepara para setembro a sua própria celebração dos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial e da vitória na Guerra de Resistência contra o Japão. O governo espera receber líderes internacionais em Pequim.
Propostas para crises e desafios globais
No campo das crises internacionais, Xi Jinping propôs uma iniciativa de quatro pontos para o Oriente Médio após confrontos entre Israel e Irã. A proposta defende o cessar-fogo imediato, proteção de civis, abertura de negociações e atuação coordenada da comunidade internacional.
A China também anunciou que entregará sua nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) para 2035 antes da Conferência da ONU sobre o Clima, em Belém. A meta abrangerá todos os gases de efeito estufa e setores da economia.
Paralelamente, o governo chinês propôs a criação de uma Organização Mundial de Cooperação em Inteligência Artificial e lançou um Tribunal Internacional de Mediação com sede em Hong Kong, em parceria com 32 países.
Líderes estrangeiros reconheceram o papel da China diante dos atuais impasses globais. O presidente do Quênia, William Ruto, classificou a atuação chinesa como “estabilizadora”. O presidente do Uzbequistão, Shavkat Mirziyoyev, disse que “nenhuma grande questão global pode ser resolvida sem a China”. Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a China oferece confiança aos países em desenvolvimento.
Expansão da política de vizinhança
Em abril, Pequim sediou uma reunião central sobre política de vizinhança. Ainda naquele mês, Xi Jinping visitou Vietnã, Malásia e Camboja, aprofundando os laços com países do Sudeste Asiático. Nas visitas, o governo chinês reforçou acordos comerciais e compromissos com infraestrutura e integração regional.
A diplomacia chinesa baseia-se na ideia de continuidade histórica. Conceitos como “Espírito da Rota da Seda”, “Espírito de Xangai”, “Espírito China-Ásia Central”, “Espírito dos BRICS” e outros servem como eixos da narrativa externa chinesa. O governo busca transmitir que suas iniciativas estão ligadas a valores históricos como convivência pacífica, soberania e desenvolvimento conjunto.
Fonte: news.china