Em Chengdu, província de Sichuan, técnicos agrícolas monitoram a produção de um campo de arroz próximo ao sítio arqueológico de Baodun, datado de 4.500 anos, por meio de uma plataforma inteligente.
No local, que pertence à fase final do Neolítico,o último período da Idade da Pedra, arqueólogos encontraram vestígios vegetais, como grãos de arroz carbonizados, painço e milheto. Essas sementes comprovam a longa tradição agrícola da civilização chinesa. E a implementação da tecnologia digital está contribuindo para a renovação dessa herança milenar.
A cerca de um quilômetro do sítio, na área de testes de novos cultivares da Universidade Agrícola de Sichuan, cientistas desenvolvem o arroz “Tianfu Yanzhi Xiangya”. Por meio da modelagem com inteligência artificial, eles simulam híbridos de arroz, reduzindo o tempo de desenvolvimento em comparação com os métodos tradicionais, que exigem o cultivo completo para validar os resultados.
Equipamentos agrícolas como tratores autônomos, plantadeiras automáticas, pulverizadores inteligentes de duplo sistema e plataformas digitais de medição da colheita são usados para testar novos paradigmas de bioengenharia agrícola.
Segundo Yuan Zhouping, diretor do Departamento de Indústria Agrícola da Tianfu Agricultural Expo Park Investment, Chengdu criou um parque de exposições que integra cultura, comércio, agricultura, turismo e esportes. O local transforma os campos em espaços para eventos culturais, como feiras, mercados e exposições ao ar livre.
Além do arroz, a planície de Chengdu abriga plantações de amoreiras e linho. A região está entre as primeiras do mundo a desenvolver técnicas de criação de bichos-da-seda, fiação e tecelagem. Registros indicam que, entre 770 e 476 a.C., os antigos Shu comercializavam tecidos de seda com o Estado de Qin.
No Museu da Seda de Sichuan, uma máquina de tecelagem Shu Jin da Dinastia Tang está em exibição. Com 6 metros de comprimento, 1,5 metro de largura e 5 metros de altura, a máquina apresenta linhas marcadas com os números “1” e “0”, refletindo princípios similares ao sistema binário, evidência da engenhosidade da civilização do século VIII.
A empresa Sichuan Shujing Cultural Communication, centro de preservação do bordado e da seda de Shu em Chengdu, promove a integração entre tradição e tecnologia. Desde 2016, o centro usa tecnologia de imagem digital para transformar desenhos personalizados em padrões de tecido, que são produzidos por máquinas e posteriormente bordados à mão por artesãos.
A introdução da inteligência artificial no design de padrões reduziu o tempo de produção e garantiu exclusividade para cada peça.
“A ‘Nova Seda com IA’ atende às demandas do mercado e amplia as possibilidades do artesanato tradicional. Ela transforma o consumidor em co-criador e leva o bordado de Shu a milhares de lares”, afirmou Zhong Ming, diretora do Shu Jing Hall.
A relação entre civilizações também se manifesta em outros pontos históricos. Em 1024, a planície de Chengdu emitiu o primeiro papel-moeda oficial do mundo, o “Jiaozi”. Atualmente, a exposição “A Floresta do Belo – Arte de Han Meilin”, no Museu de Arte de Chengdu, apresenta obras inspiradas em moedas antigas e xilogravuras, que misturam cultura tradicional e arte contemporânea.
O Museu de Qiongyao lançou produtos culturais que combinam elementos do sítio arqueológico de Sanxingdui, como a máscara dourada, com o pássaro solar do sítio de Jinsha e a cerâmica de Qiongyao. Esses produtos são comercializados por meio de plataformas de transmissão ao vivo, atraindo consumidores jovens.
Na exposição de relíquias da civilização grega no Museu do Sítio de Jinsha, a guia humana virtual inteligente “Atena” interage com os visitantes. Segundo a equipe do museu, ela utiliza tecnologias como reconhecimento e síntese de voz e inteligência artificial generativa. A guia oferece explicações, tira selfies e responde perguntas em tempo real, criando uma experiência imersiva.
O ornamento de ouro com o pássaro solar, encontrado no sítio de Jinsha e símbolo do patrimônio cultural da China desde 2005, permanece em destaque. Datado entre as dinastias Shang e Zhou, o ornamento apresenta quatro pássaros em voo formando um círculo externo e doze raios curvos no interior, representando a adoração ancestral ao sol. Esse artefato representa o esplendor da antiga civilização de Shu e, com o apoio das tecnologias digitais atuais, mantém sua relevância.
Fonte: news.southcn.com
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