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Pesquisadores chineses criam sistema que transforma CO2 do mar em plástico biodegradável

CO2 plástico biodegradável
Fonte da imagem: EyeEm/ Freepik

Pesquisadores chineses anunciaram nesta segunda-feira (6) o desenvolvimento do primeiro sistema artificial capaz de capturar dióxido de carbono (CO2) diretamente da água do mar e convertê-lo em materiais químicos de alto valor, incluindo plásticos biodegradáveis. O projeto combina eletrocatálise e biocatálise e foi publicado na revista Nature Catalysis.

O oceano absorve mais de 25% do CO₂ emitido por atividades humanas anualmente, mas essa capacidade tem provocado a acidificação das águas, ameaçando ecossistemas marinhos. A nova tecnologia surge como uma solução para reduzir esse impacto, transformando carbono dissolvido em produtos industrialmente úteis.

Na primeira fase, a equipe de Xia Chuan, da Universidade de Ciência e Tecnologia Eletrônica da China, desenvolveu uma célula eletrolítica capaz de extrair CO2 da água do mar de forma contínua por mais de 500 horas, com eficiência superior a 70%, gerando hidrogênio como subproduto. O custo estimado da captura é de cerca de US$229,9 por tonelada de CO2.

Um catalisador de bismuto (Bi-BEN) converte o CO2 capturado em ácido fórmico, produzido em solução concentrada e pura em testes de longa duração. Na segunda etapa, a equipe de Gao Xiang, do Instituto de Biologia Sintética de Shenzhen, utilizou biocatálise para transformar o ácido fórmico em produtos bioquímicos. A bactéria marinha Vibrio natriegens, modificada geneticamente, converte o ácido em ácido succínico e ácido lático, usados na produção de plásticos PBS e PLA.

Os cientistas destacam que esses plásticos são exemplos iniciais. Com o design modular e a otimização das rotas metabólicas, o sistema pode ser expandido para produzir ácidos orgânicos, surfactantes, monômeros e ingredientes nutricionais.

O plano futuro prevê a construção de “fábricas verdes” em regiões costeiras, integrando captura de CO2 e produção de matérias-primas sustentáveis. Segundo os pesquisadores, a tecnologia pode reduzir a acidificação oceânica e estabelecer uma cadeia industrial verde, fortalecendo a economia azul da China.

Fonte: The Paper