Empreendedorismo

Mais de 80% das montadoras multinacionais com vendas abaixo de 100 mil veículos podem deixar a China

montadoras multinacionais

Mais de 80% das montadoras multinacionais com vendas anuais abaixo de 100 mil veículos devem deixar o mercado chinês, segundo relatório do Instituto de Pesquisa China EV100 divulgado em 16 de dezembro, durante uma coletiva de imprensa em Pequim. A estimativa aponta a saída de cinco a seis empresas, em um contexto de rápida perda de participação das marcas estrangeiras frente às montadoras chinesas.

O relatório mostra que, nos últimos cinco anos, a diferença de participação de mercado entre marcas nacionais e estrangeiras aumentou de forma contínua. Em 2020, as montadoras chinesas respondiam por 36% do mercado, enquanto as estrangeiras somavam 64%. Entre janeiro e outubro deste ano, esse cenário se inverteu: as marcas nacionais alcançaram 65%, e as estrangeiras recuaram para 35%.

Dados da Associação Chinesa de Automóveis de Passageiros reforçam essa tendência. Em novembro, as marcas alemãs concentraram 14% do mercado varejista, seguidas por japonesas (11,7%), americanas (5,7%) e coreanas (0,9%).

Com a mudança na estrutura do mercado automotivo chinês, marcas estrangeiras perderam espaço de forma consistente. Montadoras multinacionais como Suzuki e Mitsubishi já se retiraram do país após queda prolongada nas vendas.

Segundo a CarBaihui, o risco de saída das montadoras multinacionais está diretamente ligado ao volume de vendas. Atualmente, existem mais de 45 fabricantes estrangeiros ou em joint ventures, que representam cerca de 40% das empresas de veículos de passageiros na China. Entre as montadoras com vendas anuais entre 100 mil e 300 mil veículos, a probabilidade de saída varia de 50% a 80%, o que pode afetar quatro a cinco empresas. Para aquelas com vendas entre 300 mil e 600 mil veículos, o risco cai para 20% a 50%, com impacto estimado em duas a três empresas.

Registros de seguros indicam que joint ventures com vendas anuais abaixo de 100 mil veículos no último ano incluem Dongfeng Peugeot-Citroën Automobile, Chery Jaguar Land Rover, smart, Changan Lincoln, Changan Mazda e Jiangling Ford.

Diante desse cenário, as principais montadoras multinacionais aceleram a estratégia “na China, para a China”, com foco no desenvolvimento local. A Volkswagen criou o Centro de P&D Tecnológica na China (VCTC) e desenvolveu a arquitetura elétrica CMP voltada ao mercado chinês. A Toyota instalou um Centro de P&D de Veículos Elétricos Inteligentes no país. A Nissan fundou a Nissan Technology Development (Shanghai), dedicada a direção inteligente, conectividade e veículos de novas energias.

Além disso, as equipes chinesas ganharam maior peso nas decisões de produto. A Toyota adotou um modelo liderado por engenheiro-chefe local. A Volkswagen substituiu o sistema de decisões centralizadas na matriz por um modelo de definição e desenvolvimento conjuntos. Na General Motors, equipes locais lideram integralmente a definição de novos modelos voltados ao consumidor chinês.

Com a liderança da China em eletrificação e inteligência artificial, algumas montadoras passaram a usar o país como base global de inovação. A BMW desenvolveu um sistema de interação por voz com base em big data da Alibaba e da DeepSeek, aplicado a modelos vendidos mundialmente. A Tesla integrou mais de 60 fornecedores chineses à sua cadeia global. Já a Stellantis firmou uma joint venture com a Leapmotor para ampliar sua oferta de veículos elétricos de menor custo em outros mercados.

Fonte: Yicai