O avanço dos agentes inteligentes entrou na fase de comercialização na China. Grandes empresas de tecnologia, como Alibaba, Tencent, ByteDance e Meituan, anunciaram em setembro novas plataformas e modelos voltados para sistemas capazes de raciocinar em múltiplas etapas, executar tarefas complexas e consumir grandes volumes de tokens, unidades que medem o processamento em modelos de IA. Essa dinâmica está pressionando a demanda por nuvem e poder computacional, o que reflete em aumento de receitas e capex, investimento em bens de capital, como data centers e infraestrutura de nuvem.
No Alibaba, o Laboratório Tongyi apresentou o AgentScope 1.0, estrutura de desenvolvimento para sistemas multiagentes que cobre todo o ciclo de vida, do desenvolvimento ao monitoramento. No mesmo dia, a Tencent abriu o código do Youtu-Agent, enquanto a ByteDance colocou sua plataforma Kouzi Space em lojas da Apple e Android. A Meituan, por sua vez, liberou o LongCat-Flash-Chat, modelo com 560 bilhões de parâmetros que, segundo testes, superou o desempenho de sistemas como DeepSeek-V3.1 e GPT-4.1.
A movimentação reforça a virada comercial dos agentes. A Manus, startup chinesa da área, informou que desde março alcançou receita anual recorrente de US$90 milhões, próxima de US$100 milhões.
Investimento massivo em nuvem
O crescimento dos agentes está diretamente ligado ao aumento do consumo de tokens. Para dar conta dessa demanda, empresas chinesas vêm ampliando seus investimentos em nuvem. No segundo trimestre, a Alibaba Cloud registrou receita de RMB 33,39 bilhões, avanço de 26% sobre o ano anterior, a maior alta em três anos. O capex da empresa somou RMB 38,67 bilhões, alta de 220%.
A Tencent reportou receita de RMB 55,53 bilhões em sua divisão de nuvem e fintech, 10% acima do mesmo período do ano passado, com capex de RMB 19,1 bilhões (+119%). Já o Baidu atingiu RMB 10 bilhões em receita de nuvem e investiu RMB 3,8 bilhões em capex (+79%).
Segundo o banco Jefferies, os quatro maiores provedores de nuvem da China investiram US$45 bilhões nos últimos 12 meses. Apesar de o volume representar apenas 15% do gasto de gigantes dos EUA, Microsoft, Meta e Google somaram US$291 bilhões, a taxa de crescimento chinesa supera a americana. Desde o fim de 2023, o capex das empresas de nuvem do país triplicou e já responde por uma fatia maior da receita que a observada entre concorrentes globais.
Disputa global
Os investimentos também avançam fora da China. A Microsoft destinou US$24,2 bilhões ao capex no segundo trimestre (+27% a/a). A Meta elevou sua previsão anual para US$66 bilhões e o Google, para US$85 bilhões em 2025.
Essa escalada é sustentada pelo crescimento no consumo de tokens. Uma única execução da Manus pode demandar 100 mil tokens, com custo médio de US$2.
Riscos e segurança
O aumento da dependência de agentes levanta preocupações com segurança. Segundo a F5, 96% das empresas globais já utilizam modelos de IA, e 91% adotam soluções de proteção específicas. Mohan Veloo, CTO da companhia para a Ásia-Pacífico, afirmou que dentro de um a dois anos, todos os aplicativos se tornarão aplicativos de IA, o que exigirá estratégias dinâmicas de defesa.
Robôs humanoides em expansão
Além dos agentes digitais, cresce o investimento em IA incorporada. A Nvidia lançou em agosto o supercomputador Jetson AGX Thor, projetado para robôs humanoides. O equipamento tem capacidade de processamento 7,5 vezes maior que a geração anterior e foi desenhado para aplicações em tempo real.
Na China, especialistas apontam desafios de dados para o desenvolvimento desses robôs. Mesmo assim, as vendas locais devem saltar de 2.400 unidades em 2024 para mais de 10 mil em 2025. O mercado de IA incorporada no país pode alcançar RMB 5,3 bilhões em 2025 e RMB 103,8 bilhões em 2030, segundo estimativas.
A Bloomberg projeta que mais da metade dos robôs humanoides produzidos em 2025 será chinesa. Já o CitiBank prevê que, até 2050, o mercado global de IA física e robótica humanoide chegue a US$7 trilhões.
Fonte: tmtpost.com
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