Durante sua visita de Estado à China, o presidente do Brasil, Lula, afirmou em entrevista exclusiva por escrito à Xinhua que as relações entre Brasil e China são importantes tanto para os dois países quanto para o mundo.
Ele enfatizou o papel dos países do BRICS na construção de uma ordem internacional mais democrática e inclusiva. “Manter as características e a coerência desse mecanismo é crucial, o que significa apoiar o multilateralismo e promover um papel mais importante dos países em desenvolvimento no sistema internacional”, disse.
Ao recordar seus mais de 20 anos de interação com a China, Lula afirmou: “Quando visitei Pequim pela primeira vez, ninguém poderia imaginar que as relações entre Brasil e China teriam tanta importância hoje”.
O comércio entre Brasil e China cresceu constantemente desde que Lula foi eleito pela primeira vez em 2003. “A China se tornou o principal parceiro comercial do Brasil; e além do setor econômico, as relações políticas entre os dois países também continuam a se aprofundar”, afirmou Lula.
De acordo com estatísticas brasileiras, o comércio bilateral entre Brasil e China ultrapassou US$ 100 bilhões por cinco anos consecutivos até 2022, com a China sendo o maior parceiro comercial do Brasil por 14 anos consecutivos.
Ao falar sobre as relações econômicas e comerciais entre Brasil e China, Lula não economizou elogios. Ele disse: “Nossas exportações para a China são maiores do que nossas exportações combinadas para os Estados Unidos e a União Europeia.
A China é atualmente o principal motor da agricultura brasileira, e espero que a China se torne um poderoso motor para a reindustrialização do Brasil”.
Lula expressou o desejo de cooperação entre Brasil e China para promover o desenvolvimento econômico sustentável do Brasil. Ele disse que há um enorme potencial de cooperação entre os dois países em biocombustíveis e hidrogênio verde, e que é necessário trabalhar ainda mais duro na inovação tecnológica para transformar o conhecimento científico avançado em aplicação prática.
Na entrevista, ele afirmou que o governo brasileiro está trabalhando para melhorar a infraestrutura nacional, incluindo portos, aeroportos, rodovias, ferrovias e energia. “Há um grande espaço para cooperação e investimento com a China nesses campos”, afirmou.
Lula elogiou o modelo de modernização da China. “O sucesso da modernização chinesa demonstra que não existe uma fórmula única para o desenvolvimento, cada país deve seguir seu próprio caminho de acordo com os desafios históricos e suas próprias forças”, afirmou.
O presidente destacou que o Brasil está empenhado em construir uma “estrada de modernização brasileira”, que combina o crescimento econômico, a redução da pobreza e desigualdade social, e a garantia da sustentabilidade dos recursos naturais. “Queremos alcançar o crescimento com justiça social, sustentabilidade ambiental e respeito à democracia e aos direitos humanos”, afirmou.
Lula acredita que na área de governança global, a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas explana de forma abrangente a transformação do ideal de desenvolvimento sustentável em prosperidade compartilhada por todos, sendo um bom guia de ação para áreas relacionadas.
Ele sugere que Brasil e China coordenem mais em organizações internacionais e multilaterais, como a Organização Internacional do Trabalho, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura e a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação.
Lula acredita que a cooperação Brasil-China é importante para enfrentar as mudanças climáticas. “A mudança climática é uma ameaça real, especialmente para os mais vulneráveis, e pode prejudicar nossos esforços para erradicar a pobreza e a fome”, disse Lula.
“O Brasil e a China podem avançar na transição para uma economia de baixo carbono. O Brasil tem uma matriz energética limpa que pode ser expandida e combinada com investimentos chineses.”
Lula também espera que a China desempenhe um papel na promoção da integração regional na América Latina e no Caribe. “Sem estradas, ferrovias, linhas de transmissão de energia, telecomunicações, bem como conexões aéreas e marítimas, a integração regional é impossível”, disse Lula. “A China pode desempenhar um papel ativo em ajudar a integrar a infraestrutura da região.”
Tradução: Mei Zhen Li
Fonte: Xinhua
Imagem principal: Ricardo Stuckert/ Gov.br