Empreendedorismo

DJI estreia no mercado de robôs aspiradores e câmeras 360°

DJI
Fonte da imagem: Divulgação

A DJI, conhecida pela produção de drones de consumo, entrou em dois novos segmentos de hardware em menos de uma semana. Em 31 de julho de 2025, a empresa lançou a câmera panorâmica Osmo 360. Em 6 de agosto, apresentou seu primeiro robô aspirador de pó, o DJI ROMO, com foco no mercado chinês.

A incursão da DJI nesses setores não é recente. Segundo fontes ligadas à empresa, o desenvolvimento da câmera panorâmica começou em 2022, enquanto o projeto do robô aspirador teve início em 2021. A companhia já atua no setor de imagem e tem ampliado sua presença em produtos voltados ao uso doméstico.

Robô aspirador DJI ROMO mira setor premium

O DJI ROMO custa a partir de 4.699 yuans e mira o segmento premium. A versão avançada possui design semitransparente e adota três mudanças principais em relação aos modelos concorrentes:

  • Substituição de rolos por esteiras;
  • Troca do sensor lidar mecânico por um modelo de estado sólido;
  • Nova base de carregamento com estrutura transparente.

Essas alterações buscam melhorar a navegação e a automação do aparelho. Apesar do número crescente de marcas, o mercado chinês ainda apresenta baixa penetração. Segundo a All View Cloud Data Technology, a taxa de penetração dos robôs aspiradores na China foi de 5,5% em 2024.

A DJI pretende aplicar tecnologias desenvolvidas para drones, como navegação espacial, sensores e algoritmos, nos robôs domésticos. Um gerente de produto da empresa afirmou que, embora o lidar de estado sólido exija algoritmos mais avançados, ele permite miniaturização e integração com o design do produto.

A empresa chegou a testar braços robóticos para abrir portas e alcançar cantos, mas descartou a ideia por limitações técnicas. O gerente também apontou que desenvolver um robô aspirador é mais complexo do que fabricar um drone, devido às condições do ambiente doméstico: umidade, poeira, insetos e risco de contaminação. Além disso, o número de componentes é maior e o design interno exige soluções específicas.

Diferente dos drones, que evitam obstáculos no ar, o robô precisa identificar o tipo de objeto no chão, como cabos, brinquedos ou fezes, e reagir de forma adequada. “No ar, o ambiente é limpo. No chão, é bem mais complicado”, afirmou o gerente.

O setor também passa por mudanças. Após crescimento acelerado em 2020 e 2021, as vendas caíram nos dois anos seguintes. Em 2023, o mercado chinês apresentou leve recuperação. No entanto, a concentração permanece alta: em 2024, as cinco maiores marcas detinham 93,6% da fatia de mercado.

Entre os desafios técnicos ainda não resolvidos, estão a necessidade de limpeza manual da base e a dificuldade em alcançar todos os cantos da casa. A DJI busca reduzir essas limitações com melhorias na boca de sucção e nos recursos de autolimpeza.

Câmera panorâmica Osmo 360 amplia linha de imagem

Com o lançamento da Osmo 360, a DJI entra no segmento de câmeras panorâmicas, um nicho com menos concorrência. Em 2023, o mercado global movimentou 5,03 bilhões de yuans, segundo Frost & Sullivan e Statista. A chinesa Insta360 liderava o setor com 67,2% de participação, seguida por Ricoh (12,4%) e GoPro (9,2%).

Fontes do setor indicam que algumas marcas estrangeiras reduziram investimentos na categoria, enquanto empresas chinesas avançaram com mais rapidez. Um gerente da DJI observou que a cadeia de produção dessas câmeras está quase totalmente concentrada na China, inclusive para marcas internacionais. O crescimento do público local acelerou o desenvolvimento, ao oferecer maior volume de feedback e testes.

A DJI aproveitou tecnologias usadas em drones, como captura de imagem aérea, gravação de áudio e sensores, na Osmo 360. A empresa também adotou um sensor de imagem no formato 1:1, em vez do tradicional 4:3. Essa mudança reduz o consumo de energia e otimiza o espaço interno.

Segundo o gerente de produto, sensores usados em celulares enfrentam limitações para câmeras 360°, devido à necessidade de alta qualidade com tamanho compacto. A DJI investiu no desenvolvimento de sensores quadrados personalizados, o que exige planejamento com até dois anos de antecedência e implica riscos, como erros na previsão da evolução tecnológica.

A expectativa da empresa é que o setor avance na direção de sensores sob medida, com foco em:

  • Maior qualidade de imagem;
  • Melhorias nos sensores;
  • Expansão do alcance dinâmico.

O público dessas câmeras permanece concentrado em entusiastas de esportes ao ar livre, como motociclismo, alpinismo e fotografia em ambientes externos. Embora a base de usuários cresça, o perfil se mantém.

A DJI também destacou a importância de otimizar a comunicação entre sensor e chip SoC para processar vídeos com alta resolução e taxas elevadas de quadros.

Fonte: yicai.com