Economia

Desemprego urbano entre os jovens na China é preocupação para governantes

Desemprego na China

O desemprego atualmente na China é um dos problemas sociais e econômicos que afetam milhões de pessoas, especialmente os jovens. Segundo os dados do Escritório Nacional de Estatísticas da China (NBS), a taxa de desemprego entre os jovens de 16 e 24 anos atingiu um recorde histórico de 21,3% em julho de 2023, um aumento de 0,5 ponto percentual em relação ao mês anterior. Isso significa que um em cada cinco jovens chineses está sem trabalho.

Alguns fatores que contribuem para o desemprego urbano entre os jovens na China incluem: a desaceleração do crescimento econômico que reduziu a demanda por mão de obra em alguns setores, como a indústria e a construção civil. Ao mesmo tempo, a transformação estrutural da economia aumentou a demanda por mão de obra qualificada em setores emergentes, como os serviços, a tecnologia e a inovação.

No entanto, a competição acirrada no mercado de trabalho dificulta a entrada dos jovens, especialmente dos recém-formados, que enfrentam a concorrência dos trabalhadores mais experientes e dos migrantes rurais.

Além disso, a falta de qualificação profissional limita as oportunidades de emprego para os jovens que não possuem educação superior ou formação técnica e boa parte dos empregadores, muitas vezes, preferem trabalhadores experientes que oferecem maior produtividade e menor custo.

Por outro lado, a pandemia de Covid-19 também teve um impacto negativo na oferta e na demanda de emprego, especialmente nos setores de serviços, turismo e educação. A crise sanitária provocou o fechamento temporário ou permanente de muitas empresas, a redução da renda das famílias e o aumento da incerteza econômica.

Cultura de trabalho chinesa

A cultura de trabalho na China é conhecida por sua exigência ética de trabalho, na qual é comum a prática do 996-work, que significa trabalhar das 9h às 21h, seis dias por semana.

Essa cultura é comum nos setores de tecnologia e jogos, que se desenvolveram rapidamente graças a essas práticas. No entanto, essa cultura também tem um alto custo para os trabalhadores, que sofrem com o estresse, a fadiga, a falta de equilíbrio entre trabalho e vida pessoal e o risco de doenças ocupacionais

Diante dessas situações, muitos jovens chineses estão buscando alternativas para escapar da pressão social e do trabalho tradicional. Algumas subculturas emergentes surgiram como alternativas que oferecem uma forma de escapismo para os jovens que se sentem desiludidos com a realidade.

Uma dessas subculturas é a ACGN (anime-comic-game-novel), que se refere a um mundo bidimensional de animes, mangás e jogos. Essa comunidade proporciona aos jovens um refúgio onde podem mergulhar em narrativas fictícias, explorar mundos imaginários e encontrar criatividade no conforto e na fantasia.

Outra subcultura emergente é o estilo de vida “tang ping” (躺平), que significa “deitar-se”. Essa filosofia reflete a exaustão crescente entre os jovens, que optam por se afastar do mundo e rejeitar as expectativas da sociedade, como o consumo excessivo, a competição incessante e a busca pelo sucesso a todo custo. O “tang ping” incentiva uma abordagem mais descontraída e desapegada à vida, promovendo o equilíbrio e a auto aceitação.

Em contrapartida, a subcultura budista atrai jovens que buscam um sentido espiritual para a vida. Os seguidores dessa subcultura praticam a meditação para encontrar a paz interior, adotam o vegetarianismo como uma forma de respeito pelos seres vivos, se envolvem em atividades voluntárias para contribuir para o bem-estar da comunidade e praticam a caridade como uma expressão de compaixão pelos menos afortunados .

Essas subculturas emergentes representam maneiras diferentes pelas quais os jovens chineses estão lidando com as pressões da sociedade contemporânea e buscando uma sensação de significado e pertencimento em suas vidas. Cada uma delas oferece uma abordagem única para enfrentar os desafios do mundo moderno e encontrar um caminho que atenda às suas necessidades e valores individuais.

Crédito: China2Brazil
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