A NIO, fabricante chinesa de veículos elétricos inteligentes, divulgou seus resultados do primeiro trimestre com prejuízo líquido de RMB 6,75 bilhões, o segundo maior da história da empresa. A perda ficou abaixo apenas dos RMB 7,1 bilhões registrados no último trimestre de 2024. Apesar do resultado negativo, as ações da montadora chegaram a subir mais de 6% após o anúncio. A empresa prevê entre 72 mil e 75 mil entregas no segundo trimestre e segue com a meta de alcançar lucro no último trimestre de 2025.
Queda no caixa e despesas elevadas
A NIO terminou o trimestre com RMB 26 bilhões em caixa, queda de RMB 16 bilhões em relação ao fim de 2024. Segundo a administração, a redução ocorreu por dois fatores: queda nas vendas entre janeiro e março, que gerou saída de mais de RMB 10 bilhões, e gastos pontuais, incluindo a recompra de bônus conversíveis, que somaram RMB 2,7 bilhões.
O relatório aponta passivos circulantes acima dos ativos circulantes e patrimônio líquido negativo. Em resposta, a NIO destacou a captação de mais de HK$ 4 bilhões por meio de uma emissão de ações em Hong Kong em abril, garantindo fôlego financeiro pelos próximos 12 meses.
Receita cresce, mas abaixo do previsto
A receita total alcançou RMB 12,035 bilhões, alta de 21,5% em base anual, mas abaixo da previsão de RMB 12,367 a RMB 12,859 bilhões. A receita com vendas de veículos somou RMB 9,939 bilhões, avanço de 18,6%.
A empresa entregou 42.094 veículos no primeiro trimestre, crescimento anual de 40,1%. Do total, 14.781 unidades foram da nova sub-marca ONVO. Excluindo essa linha, a marca principal NIO teve queda de 9,1% nas entregas, totalizando 27.313 unidades.
O preço médio dos veículos caiu 15,3% em base anual, ficando em RMB 236.100. A queda foi puxada pela entrada da ONVO, com preços mais baixos, e pelas campanhas de liquidação dos modelos antigos.
Margens pressionadas
O lucro bruto no trimestre foi de RMB 920 milhões, com margem bruta consolidada de 7,6%. A margem dos veículos ficou em 10,2%, ainda distante da meta de 17% prometida para o fim do ano.
As despesas de P&D somaram RMB 3,181 bilhões, aumento anual de 11,1%. Já as despesas administrativas e comerciais cresceram 46,8%, totalizando RMB 4,4 bilhões. A empresa mantém gastos elevados com desenvolvimento e estrutura, o que pressiona os resultados.
Comparação com concorrentes
Entre as novas montadoras chinesas, a NIO teve o maior prejuízo no primeiro trimestre. A Li Auto registrou lucro de RMB 647 milhões. Xpeng e Xiaomi Auto tiveram perdas de RMB 660 milhões e RMB 500 milhões, respectivamente.
As entregas da Xiaomi superaram 75 mil unidades no trimestre. Xpeng e Li Auto superaram 90 mil. A Li Auto lidera em receita, enquanto a Xiaomi supera a Xpeng, com a NIO logo atrás.
Investimentos pesam nos resultados
Desde o primeiro trimestre de 2021, a NIO investiu cerca de RMB 40,5 bilhões em P&D. A Xpeng gastou menos da metade (RMB 18,9 bilhões). Em despesas administrativas e de vendas, a NIO também lidera: RMB 43,4 bilhões, frente aos RMB 30 bilhões da Li Auto e RMB 22,1 bilhões da Xpeng.
Redução de custos e foco em eficiência
A NIO adotou o modelo CBU (Unidade Básica de Operação), com foco em retorno sobre investimento (ROI) e corte de projetos sem retorno previsto. A meta é reduzir gastos de P&D em 15% no segundo trimestre e mantê-los entre RMB 2 bilhões e RMB 2,5 bilhões por trimestre até o fim do ano, queda de até 25% em relação a 2024.
Na estrutura administrativa, a empresa reorganizou áreas como logística e cadeia de suprimentos, reduzindo equipes não ligadas a vendas. A meta é manter as despesas gerais e administrativas abaixo de 10% da receita até o quarto trimestre.
Apesar do corte de equipe, as vendas não foram prejudicadas. A sub-marca ONVO reduziu sua equipe de linha de frente em 40%, enquanto as vendas em maio cresceram na mesma proporção.
Fonte: 36Kr.com