Em um ano marcado por incertezas, o comércio internacional chinês enfrentou uma queda de 5%, atingindo a marca de US$ 5,9 trilhões em 2023. A desvalorização do yuan em relação ao dólar americano desempenhou um papel central nesse cenário, conforme apontam os dados da Administração Geral das Alfândegas.
As exportações chinesas registraram uma redução de 4,6%, totalizando US$ 3,38 trilhões, enquanto as importações diminuíram 5,5%, alcançando US$ 2,56 trilhões. Já o comércio denominado em yuan mostrou uma leve alta de 0,2%, atingindo 41,76 trilhões de yuans (US$ 5,85 trilhões).
O destaque vai para o recorde histórico de mais de 600.000 empresas chinesas de comércio exterior, com 556.000 delas sendo empresas privadas. Esse segmento representou 53,5% do comércio total, um salto significativo em relação aos 50,4% do ano anterior, conforme ressaltado por Wang Lingjun, vice-ministro da GACC.
A Associação das Nações do Sudeste Asiático manteve-se como principal parceira comercial da China, com um aumento de 0,2%, totalizando 6,4 trilhões de yuans (US$ 895,4 bilhões). Por outro lado, o comércio com a União Europeia, segundo maior parceiro, apresentou uma queda de 1,9%, enquanto as transações com os Estados Unidos, terceiro maior parceiro, declinaram 6,6%.
No contexto da Iniciativa Belt and Road, o comércio com os países envolvidos cresceu 2,8%, totalizando 19,47 trilhões de yuans. As exportações chinesas de produtos manufaturados atingiram 23,51 trilhões de yuans em 2023, com notável destaque para o aumento de 30% nas exportações de carros elétricos de passageiros, baterias de íon de lítio e baterias de energia solar, alcançando 1,06 trilhão de yuan. As exportações de embarcações e eletrodomésticos também registraram aumentos expressivos, de 35% e 9,9%, respectivamente, sinalizando uma transição visível de “Made in China” para “Created in China”.
Wang Lingjun sublinhou a recuperação da demanda doméstica, evidenciada por importações chinesas que ultrapassaram 5 trilhões de yuans em commodities a granel, 3 trilhões de yuan em componentes eletrônicos e 2 trilhões de yuans em bens de consumo em 2023. Mesmo diante de desafios como a demanda externa fraca e incertezas, incluindo obstáculos no transporte pelo Mar Vermelho, Wang salientou que as vantagens competitivas da China no comércio internacional permanecem notáveis.
Os resultados de uma pesquisa conduzida pela GACC são alvissareiros, com mais de 75% das principais empresas expressando expectativas de que suas importações e exportações permaneçam estáveis ou aumentem neste ano. Em um contexto desafiador, a resiliência do comércio internacional chinês delineia um horizonte de superação e adaptação, reforçando a confiança em um futuro promissor.
Tradução: Mei Zhen Li
Fonte: The Paper
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