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China permite que casais tenham terceiro filho; governo ressalta a necessidade de redução de gastos com educação como incentivo

O Birô Político do Comitê Central do Partido Comunista da China reuniu-se nesta segunda-feira (31) para ouvir um relatório sobre as principais iniciativas políticas para enfrentar ativamente o envelhecimento da população durante o período do 14º Plano Quinquenal e analisar a decisão sobre a otimização das políticas de natalidade para promover o desenvolvimento equilibrado da população a longo prazo. A conferência enfatizou a necessidade de considerar a educação como um dos fatores importantes para os casais. Para que as famílias não atrelem a sua vontade de ter filhos ao peso financeiro da educação, dois aspectos devem ser levados em consideração: aumentar o investimento financeiro na educação e reduzir o peso extracurricular.

 

A educação já é uma importante despesa familiar

Du peng, vice-diretor da Renmin University of China, afirma que as contradições de recursos educacionais em algumas regiões se manifestam desde o jardim de infância, e são ainda maiores na escola primária e secundária. A atenção que tem sido dada a assuntos como a casa do distrito escolar (casas perto das escolas) também mostra que há uma grande demanda de recursos educacionais de qualidade por parte do público. O desejo de ter acesso a esses recursos de qualidade também é uma pressão crescente para famílias durante a criação dos filhos.

“Em geral, o incentivo à procriação deve ser acompanhado de uma abordagem prática nas preocupações das pessoas, incluindo um melhor acesso a recursos educacionais de qualidade, o que ajudará muito as pessoas a alcançar a sua intenção de ter filhos”, disse Du.

  1. Quanto uma família gasta com educação?

Uma pesquisa realizada em agosto de 2020 por Li Xiaoyun, da Universidade de Chaoyang Community College (BJCCC, sigla em inglês) mostrou que as despesas de educação de uma família de renda média em uma cidade de primeira linha, ou seja, em uma cidade mais desenvolvida, o gasto total em ensino básico de 12 anos letivos são 780 mil yuans (US$ 122 mil), ocupando 50,55% do total das despesas familiares.

Cronograma de despesa de educação em alguns casos de família chineses:

  • Enquanto estiver no primeiro e segundo ano, aprender dança e piano como cursos extracurriculares;
  • No terceiro ano, inicia o aprendizado em língua inglesa e aulas preparatórias de competição de matemática;
  • No quarto ano, acrescenta-se cursos de olimpíadas de matemática e reforço em língua inglesa e fazer os exames de proficiência de língua, tais como Cambridge e prova oral de inglês do GESE;
  • Ao ingressar no ensino fundamental, continuar fazendo cursinho e as matérias de matemática e física;
  • No segundo semestre do primeiro ano de ensino médio, começa a votação dentro família sobre intercâmbio e preparação para estudar fora do país. Ao mesmo tempo, fazer a criança participar dos exames como: TOEFL, SAT e Ap (o qual oferece currículos e exames de nível universitário para os alunos do colégio);
  • No segundo semestre do segundo ano de ensino médio, procura-se uma agência de consultoria para a aplicação ao estudo no exterior;
  • No terceiro ano do ensino médio, o aluno continua a estudar AP, e preparação para se candidatar a uma universidade do exterior.

 

  1. Qual é a situação das despesas de educação das famílias a nível mais macro?

Wei yi, pesquisador assistente da Peking University, observou que, com base nos dados de 2017, as famílias gastam 10.374 yuans (US$ 1.628,57) por ano com educação no ensino primário e secundário, ou seja, 15,6% do total do orçamento. Considerando os diversos segmentos escolares, a despesa média anual em educação no ensino primário é de 7532 yuans (US$ 1.182,42) por aluno, o que representa 10,9% da despesa anual total de consumo das famílias. No ensino secundário, a média foi de 9.982 yuans (US$ 1.567,03), ou seja, 15,8%. A média do ensino médio foi de 17.833 yuans (US$ 2.799,53), ou seja, 27,1%.

 

A política de “dupla redução”

Wei também observou que, em média, dois terços das despesas nacionais com o ensino primário e secundário são despesas internas e um terço são extraescolares.

O aumento do investimento em escolas de reforço tornou-se uma tendência global. De acordo com dados do Programme for International Student Assessment (PISA, sigla em inglês) de 2003 a 2015, a taxa média de participação de alunos de 15 anos de idade no ensino pós-escolar nos 23 países que participaram dos três testes aumentou de 20,6% em 2003 para 29,4% em 2012, e para 63,9% em 2015.

Recentemente, na 19ª reunião da Comissão Central de Aprofundamento foi salientado que um dos problemas mais proeminentes no ensino obrigatório é que o fardo sobre os alunos do ensino fundamental e médio é muito pesado. Em particular, o desenvolvimento desordenado das instituições de cursinho fora do campus e o fenômeno de “reduzir a carga na escola e aumentar a carga fora da escola” são proeminentes.

A reunião enfatizou a necessidade de esclarecer os padrões das taxas cobradas pelas instituições de cursinho, proibir estritamente a capitalização arbitrária e não permitir que a indústria da educação se transforme em uma indústria de busca de lucro.

 

Tradução: Mei Zhen Li

Fonte: 21st Century Business Herald