A China concluiu, nesta terça-feira (21), a construção do primeiro centro de dados subaquático do mundo movido a energia eólica. O projeto, localizado na Área Especial de Lin-gang, na Zona Piloto de Livre Comércio de Xangai, recebeu investimento de 1,6 bilhão de yuans (cerca de US$ 226 milhões) e tem capacidade total de 24 megawatts, segundo o comitê administrativo da região.
O centro marca um avanço na integração entre infraestrutura de computação e energia renovável offshore. O projeto foi desenvolvido pela Shanghai Hicloud Technology e pelo Shenergy Group, em cooperação com a China Telecom, a INESA e a Third Harbor Engineering, da China Communications Construction Company.
De acordo com o comitê de Lin-gang, o novo centro representa um modelo de desenvolvimento de baixo carbono para o setor de tecnologia da informação, com consumo local de energia eólica e alta eficiência energética.
Segundo Su Yang, gerente-geral da Shanghai Hicloud Technology, o sistema subaquático utiliza mais de 95% de eletricidade proveniente de fontes renováveis e reduz o consumo de energia em 22,8%. O projeto elimina o uso de água e reduz em mais de 90% a necessidade de espaço terrestre, ao empregar a água do mar como sistema natural de resfriamento. Essa solução diminui o gasto energético com refrigeração, que chega a representar até metade do consumo de energia em data centers convencionais, para menos de 10%.
O projeto será implementado em duas fases. A primeira, já finalizada, atinge um índice de eficiência energética (PUE) inferior a 1,15, um patamar considerado avançado na indústria. A métrica PUE mede a relação entre a energia total consumida e a usada diretamente no processamento de dados, quanto menor o número, maior a eficiência.
As metas do governo chinês para o setor, estabelecidas em 2024, determinam que até o fim de 2025 todos os grandes e mega data centers novos ou reformados operem com PUE abaixo de 1,25. Em hubs nacionais, o índice deve ser inferior a 1,2.
Para Wu Xiaohua, secretário adjunto do comitê do Partido da Área Especial de Lin-gang, o projeto consolida a integração entre a economia digital, as novas energias e a economia marítima. Ele afirmou que a iniciativa reforça a meta de Xangai de se tornar um centro global de inovação científica e tecnológica.
O avanço também se insere na estratégia de Xangai de expandir sua indústria de computação inteligente. Em março de 2025, o governo municipal anunciou planos para ampliar o setor de computação em nuvem inteligente para mais de 200 bilhões de yuans até 2027, com capacidade estimada de 200 EFLOPS. O plano inclui a instalação de novos clusters de computação em Lin-gang.
O presidente do Shenergy Group, Huang Dinan, destacou que o Mar da China Oriental oferece condições favoráveis para a geração de energia eólica, com mais de 3.000 horas anuais de operação. Segundo ele, essa capacidade garante eletricidade estável e limpa para a cidade e seus setores produtivos.
Huang afirmou que a integração entre energia eólica offshore e sistemas de computação submarina melhora o uso coordenado de recursos de geração, rede e carga, atendendo às exigências dos data centers por energia renovável.
Durante a cerimônia de conclusão, as empresas envolvidas assinaram um acordo para desenvolver um novo projeto de centro de dados movido a energia eólica offshore, com capacidade de 500 megawatts.
De acordo com Wang Shifeng, presidente da Third Harbor Engineering, a construção de centros de dados subaquáticos ainda está em fase inicial. Ele afirmou que o avanço em larga escala dependerá de progresso tecnológico e redução de custos operacionais.
O novo projeto reforça a estratégia chinesa de construir uma rede nacional de computação de baixo carbono. Em 2022, o país lançou a iniciativa “Dados do Leste, Computação do Oeste”, que busca distribuir o processamento de dados entre as regiões mais desenvolvidas do leste e as áreas do interior, com menor custo energético e maior disponibilidade de espaço.
Fonte: Xinhua
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