A China e o Brasil anunciaram na quarta-feira, 20, a elevação de suas relações bilaterais para o nível de uma “comunidade com futuro compartilhado”, reafirmando o compromisso de trabalhar juntos na construção de um mundo mais justo e de um planeta mais sustentável. A decisão foi oficializada durante um encontro entre o presidente chinês, Xi Jinping, e o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília.
A visita de Estado de Xi ao Brasil ocorre após sua participação na 19ª Cúpula do G20, realizada no Rio de Janeiro. Durante o encontro, o líder chinês destacou que os dois países, apesar de separados por oceanos e continentes, compartilham uma relação de respeito mútuo, benefício recíproco e amizade ao longo de cinco décadas.
Xi ressaltou que, como duas grandes nações em desenvolvimento de hemisférios distintos, China e Brasil têm desempenhado papéis estratégicos em prol de uma agenda global mais inclusiva e equitativa. Ele reforçou a importância da parceria como modelo de cooperação para outros países em desenvolvimento.
O presidente chinês, Xi Jinping, destacou o papel histórico do Brasil como o primeiro país a estabelecer uma parceria estratégica com a China e o primeiro na América Latina a firmar uma parceria estratégica abrangente com o país asiático. Xi ressaltou que, sob a liderança conjunta dos dois chefes de Estado, as relações bilaterais atingiram o melhor nível de sua história. Essa cooperação tem gerado benefícios concretos para os povos de ambas as nações, além de fortalecer o papel do Sul Global e contribuir para a paz e a estabilidade mundiais.
Os dois líderes decidiram promover um alinhamento estratégico entre a Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI, na sigla em inglês) e os principais programas de desenvolvimento do Brasil; esses incluem o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), bem como iniciativas voltadas para a reindustrialização e a integração sul-americana, que são prioridades da agenda brasileira. Xi classificou o momento como histórico, marcando uma nova fase nas relações sino-brasileiras, com impactos globais e de longo prazo.
Parceria estratégica e cooperação prática
Xi Jinping destacou a importância de China e Brasil fortalecerem o apoio mútuo em questões de soberania, segurança e integridade territorial, reforçando a confiança estratégica entre as duas nações. Ele afirmou que essa parceria sólida deve servir como exemplo de cooperação solidária para o Sul Global.
Xi também propôs a intensificação das trocas culturais, educacionais e de juventude, com o objetivo de consolidar o apoio popular à parceria bilateral. Ele enfatizou que ambos os países devem aproveitar as oportunidades históricas para aprofundar a cooperação em áreas estratégicas como economia, infraestrutura, ciência e tecnologia, meio ambiente e energia limpa.
O presidente reafirmou o compromisso da China em apoiar o programa Fome Zero do Brasil e em estreitar colaborações voltadas à redução da pobreza e à melhoria da qualidade de vida de seus povos.
Essas iniciativas fortalecem a parceria sino-brasileira como um pilar de desenvolvimento sustentável e inclusão no cenário global.
Multilateralismo e governança global
Xi ressaltou a necessidade de praticar um multilateralismo genuíno, promovendo um sistema de governança global mais justo e equitativo. Ele destacou o papel do Brasil como presidente do BRICS no próximo ano e o compromisso da China em apoiar essa liderança, reforçando a voz do grupo no cenário internacional.
Lula, por sua vez, agradeceu o apoio da China e destacou o impacto positivo das empresas chinesas no desenvolvimento econômico e social do Brasil. Ele reiterou que os dois países compartilham valores semelhantes e interesses estratégicos, defendendo o fortalecimento da coordenação em organismos multilaterais como a ONU, G20 e BRICS.
Conflitos globais e compromissos com a paz
No campo internacional, Xi e Lula também discutiram questões globais, como o conflito na Ucrânia e a crise em Gaza. Ambos os líderes reafirmaram o compromisso com soluções pacíficas e justas para esses desafios. Xi destacou o lançamento de um grupo de “Amigos da Paz” com países do Sul Global para promover a resolução política da crise ucraniana.
Os dois presidentes comprometeram-se a trabalhar juntos pela construção de um mundo mais justo e sustentável, defendendo a cooperação em vez da confrontação e a justiça em vez da hegemonia. Lula concluiu enfatizando a profundidade da amizade sino-brasileira e o potencial transformador da parceria estratégica para ambos os países e para o cenário global.
Tradução: Mei Zhen Li
Fonte: Diário do Povo