Economia

China aposta em novo regime alfandegário em Hainan para ampliar cooperação com a ASEAN

Cooperação China ASEAN
Imagem: Guo Cheng/ Xinhua

O Porto Livre de Hainan iniciará, em 18 de dezembro, o fechamento alfandegário integral em toda a ilha, medida que deve ampliar a cooperação econômica entre a província chinesa e os países da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). Representantes dos setores político, empresarial e acadêmico avaliam que a nova fase tende a aprofundar fluxos comerciais, investimentos e projetos conjuntos.

Nos últimos anos, o aumento do grau de abertura do Porto Livre de Hainan já se refletiu no comércio bilateral. O volume de trocas entre Hainan e a ASEAN passou de RMB 23,66 bilhões em 2020 para RMB 57,91 bilhões em 2024. Ao mesmo tempo, a cooperação avançou em áreas como agricultura, investimentos, transporte marítimo e turismo.

Como uma das principais portas de entrada da China para o Sudeste Asiático, Hainan vem reforçando a conectividade regional. No transporte aéreo, autoridades abriram ou ampliaram rotas internacionais entre Haikou e Penang, Cidade de Ho Chi Minh e Nha Trang; Sanya e Vientiane; além de Qionghai e Kuala Lumpur. No transporte marítimo, o Porto de Yangpu acelera sua transformação em hub internacional e já estruturou uma rede de rotas voltada ao Sudeste Asiático.

A combinação entre localização geográfica e políticas associadas ao fechamento alfandegário tende a elevar o nível da cooperação. Recentemente, Hainan e países da ASEAN anunciaram projetos de cooperação marítima, incluindo a criação conjunta de laboratórios de biotecnologia marinha, o avanço de projetos de energia eólica offshore flutuante e a abertura de rotas de cruzeiros de longa distância pelo Mar do Sul da China.

Para Chen Peiqiang, presidente da Câmara de Comércio da Tailândia e da Junta de Comércio Tailandesa, o fechamento do Porto Livre de Hainan deve reforçar o papel estratégico da ilha dentro da Iniciativa Cinturão e Rota. Segundo ele, Hainan pode se consolidar como plataforma de conexão entre a China, a ASEAN e a Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP).

As políticas associadas ao fechamento incluem benefícios como tarifa zero e isenção de imposto de importação para vendas internas de produtos com valor agregado superior a 30%. De acordo com Lu Keming, presidente fundador da Câmara de Comércio Indonésia–Hainan, essas medidas podem transformar Hainan em um hub para empresas indonésias investirem na China e para empresas chinesas investirem na Indonésia.

O diretor do Departamento de Oceanos da Província de Hainan, Li Dongyu, informou que, entre cerca de 6.600 códigos de produtos com tarifa zero após o fechamento, mais de 2.300 se relacionam ao setor marítimo. Segundo ele, ao operar como centro de distribuição e processamento, Yangpu permitirá a importação de componentes essenciais com tarifa zero, a combinação com capacidade produtiva doméstica e a posterior exportação de produtos alinhados à demanda da ASEAN. O modelo integra capacidade produtiva chinesa, tecnologia estrangeira, políticas locais e demanda regional.

Além do fechamento alfandegário, a atualização para a versão 3.0 da Área de Livre Comércio China–ASEAN adicionou temas como economia digital, economia verde e conectividade das cadeias de suprimentos. Esse movimento cria um duplo impulso para a cooperação com Hainan, que pode funcionar como zona de demonstração da nova etapa do acordo, com iniciativas em integração industrial, reconhecimento mútuo de talentos e desenvolvimento de indústrias verdes.

Segundo Xu Ningning, presidente do Comitê de Cooperação Industrial do RCEP, o próximo passo de Hainan deve priorizar a cooperação com a ASEAN em pequenas e médias empresas e na formação de talentos em alta tecnologia. Ele também destaca o potencial do comércio eletrônico transfronteiriço e defende a criação de uma organização não governamental conjunta de e-commerce, com sede em Hainan.

Fonte: China News