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Brinquedos com inteligência artificial ganham espaço entre crianças e adultos na China

Brinquedos com inteligência artificial
Fonte da imagem: Deng Hua/ Xinhua

Bonecos de pelúcia que conversam e mudam de expressão, globos interativos que apresentam culturas de diferentes países e robôs capazes de jogar xadrez estão entre os brinquedos que utilizam inteligência artificial (IA). De acordo com o Departamento Provincial de Indústria e Tecnologia da Informação, o segmento “IA + brinquedos” poderá gerar mais de RMB 100 bilhões em valor adicional, elevando o total da indústria acima de RMB 300 bilhões. O governo local prepara um programa de incentivo para integrar IA ao setor, com polos industriais em Dongguan e Shantou. Esses produtos se consolidam como “companheiros inteligentes” e movimentam um mercado em rápida expansão na China.

Crescimento impulsionado por tecnologia e novos hábitos

“Os brinquedos com IA combinam tecnologia de inteligência artificial com produtos tradicionais”, explica Feng Huiyuan, cofundadora da Huaxun Future Cultural Communication, de Shenzhen. Segundo ela, esses brinquedos utilizam aprendizado profundo, processamento de linguagem natural e computação emocional para interagir com os usuários, criando experiências personalizadas.

Dados da JD.com mostram que, no primeiro semestre de 2025, as vendas de brinquedos com IA cresceram seis vezes em relação ao semestre anterior. Na comparação anual, o aumento foi superior a 200%. As crianças continuam sendo o principal público desse mercado.

A FoloToy, marca da Shanghai SiliconPear Technology, foca no público de 3 a 12 anos. O cofundador Guo Xinghua afirma que a empresa desenvolveu um modelo próprio de compreensão semântica infantil, capaz de entender expressões e adaptar interações de acordo com o perfil da criança. “A principal vantagem desses brinquedos está no aprendizado personalizado. Eles ajustam o conteúdo e o ritmo conforme a idade e o estado emocional, criando uma experiência mais dinâmica que os métodos educativos tradicionais”, explica.

Guo acrescenta que a FoloToy projeta brinquedos em formato de bichos de pelúcia, como pandas e flores, que contam histórias e curiosidades. A proposta é reduzir o tempo de tela e oferecer aprendizado sem exposição prolongada a dispositivos eletrônicos.

A Haivivi, marca da QIBUQIBU Technology, também aposta em IA emocional. O porta-voz Zhong Wenjie explica que o brinquedo reconhece emoções e reage a falas negativas com mensagens de conforto ou conselhos. “Quando uma criança relata algo triste, o brinquedo identifica a emoção e responde de forma adequada, o que o torna um companheiro de confiança”, afirma.

Expansão para o público adulto

O uso da IA em brinquedos não se limita ao público infantil. Cada vez mais empresas desenvolvem produtos voltados a adultos que buscam companhia emocional.

A Robopoet Intelligent Technology, de Xangai, lançou em junho o Fuzai, um chaveiro de pelúcia baseado em grandes modelos de IA. Compacto e multimodal, ele se comunica com o usuário e reconhece emoções por meio de voz, expressões e movimentos. Segundo a empresa, o Fuzai ajusta sua personalidade conforme as interações e mantém uma memória de longo prazo que registra hábitos e humor do usuário.

A FoloToy também criou uma versão voltada a idosos, capaz de registrar memórias de vida e gerar álbuns com textos e imagens. “O produto atua como um assistente de memória e ajuda na preservação de histórias pessoais”, diz Guo.

Para Zhong Wenjie, o mercado voltado a adultos ainda tem potencial de expansão. “As próximas gerações de brinquedos poderão interpretar emoções complexas, adaptar conversas a interesses específicos e até auxiliar no aprendizado e desenvolvimento profissional”, avalia.

Indústria de brinquedos da China passa por transformação

O avanço dos brinquedos com IA impulsiona a transformação da indústria de brinquedos na China. A província de Guangdong, principal polo de produção e exportação do país, registrou em 2024 faturamento de RMB 76,6 bilhões, com exportações de RMB 105,3 bilhões, o equivalente a 37% do total nacional.

A Dajiang Xinlong Technology, de Dongguan, aumentou a produção para cerca de 200 mil unidades mensais. “Cada módulo de interação e sensor passa por testes funcionais rigorosos antes da entrega”, informa um representante da empresa.

Já a Shenzhen Raisound Technology desenvolveu um módulo universal de IA aplicável a brinquedos de pelúcia, plásticos e caixas de som inteligentes. “O modelo padronizado facilita a integração e reduz custos, permitindo atualizações rápidas”, explica o porta-voz.

Para Guo Xinghua, o avanço do setor exigirá domínio completo de pesquisa e desenvolvimento em hardware, software e design. “A integração dessas competências reduz o tempo entre o conceito e o lançamento, fortalecendo a competitividade das empresas”, afirma.

Segundo Zhong Wenjie, o modelo de negócios também está mudando. “Antes, o lucro vinha da venda do produto. Agora, o valor está na oferta contínua de conteúdo e serviços, o que aumenta o engajamento e prolonga a relação entre marca e consumidor”, conclui.

Fonte: gmw.cn