Empreendedorismo

Xiaomi apresenta avanços em IA e amplia aposta em integração entre carros e casas

Xiaomi IA
Imagem: Zheng Huansong/ Xinhua

A Xiaomi apresentou, em 17 de dezembro, durante a Conferência de Parceiros do Ecossistema Integrado “Pessoas–Carros–Casa 2025”, seus avanços mais recentes em grandes modelos de inteligência artificial. O destaque foi a primeira apresentação pública de Luo Fuli como integrante da empresa, na qual a pesquisadora detalhou a estratégia da Xiaomi para agentes inteligentes e modelos físicos de IA.

Na abertura da apresentação, Luo Fuli afirmou que a próxima fase da evolução da inteligência artificial exige modelos capazes de interagir com o mundo real. Segundo ela, sistemas baseados apenas em linguagem já não são suficientes para lidar com tarefas complexas do cotidiano.

Na conferência, Luo Fuli se apresentou como responsável pelo grande modelo MiMo, desenvolvido pela Xiaomi. A partir de modelos de linguagem, a empresa construiu uma nova geração de modelos-base voltados para agentes inteligentes, denominada MiMo-V2-Flash.

Segundo a pesquisadora, o MiMo-V2-Flash possui 309 bilhões de parâmetros no total, dos quais 15 bilhões ficam ativos durante a execução. Ainda assim, o modelo alcançou posições entre o primeiro e o segundo lugar em rankings públicos de avaliação de modelos open source, reconhecidos internacionalmente, especialmente em tarefas de programação e agentes.

De acordo com Luo Fuli, em grande parte dos benchmarks, o MiMo-V2-Flash supera ou se equipara a modelos como DeepSeek-V3, Kimi e Qwen, que costumam ter de duas a três vezes mais parâmetros totais. Em termos de custo, o modelo é ligeiramente mais barato que o DeepSeek-V3.2 e apresenta uma velocidade de inferência cerca de três vezes maior. Em comparação com o Gemini 2.5 Pro, o desempenho geral é semelhante, mas o custo de inferência do modelo do Google é cerca de 20 vezes superior.

Atualmente, a Xiaomi disponibiliza todos os pesos do MiMo-V2-Flash em código aberto, além de um relatório técnico detalhado e APIs para integração por desenvolvedores em ambientes de Web Coding IDE.

Durante a apresentação, Luo Fuli afirmou que, apesar dos avanços, ainda não há confiança plena no uso de grandes modelos para tarefas complexas do dia a dia. Para ela, a próxima geração de agentes inteligentes deve ir além da simulação de linguagem e coexistir de forma prática com o mundo físico.

Segundo a pesquisadora, essa evolução exige dois avanços centrais. O primeiro é a transição de sistemas que apenas respondem perguntas para modelos capazes de concluir tarefas completas. Isso envolve memória, raciocínio, planejamento e percepção multimodal, permitindo a integração com dispositivos como óculos inteligentes e outros terminais conectados ao cotidiano.

O segundo avanço é o desenvolvimento de modelos físicos. De acordo com Luo Fuli, os grandes modelos atuais priorizaram linguagem e aprendizado por reforço, mas não desenvolveram plenamente percepção, simulação do mundo e interação física. Como resultado, conseguem resolver problemas abstratos, mas falham ao compreender leis físicas básicas, o que leva a erros conhecidos como “alucinações corporificadas”.

Para a pesquisadora, a próxima etapa da IA exige modelos capazes de compreender não apenas imagens e textos, mas também as leis físicas que regem o ambiente real, permitindo deduções sobre o funcionamento do mundo.

Durante o mesmo evento, o presidente do Grupo Xiaomi, Lu Weibing, anunciou que a empresa investirá RMB 200 bilhões em pesquisa e desenvolvimento nos próximos cinco anos, com o objetivo de se posicionar entre os líderes globais em tecnologias avançadas. Segundo ele, apenas em 2025 o investimento em P&D deve variar entre RMB 32 bilhões e 33 bilhões, com previsão de cerca de RMB 40 bilhões em 2026.

Lu Weibing afirmou ainda que, desde abril, a Xiaomi lançou sucessivamente modelos básicos MiMo de linguagem, multimodalidade e voz, todos abertos a desenvolvedores globais. Em novembro, a empresa apresentou a solução Xiaomi Miloco para casas inteligentes e o modelo corporificado MiMo-Embodied, ambos também em código aberto.

O sistema operacional leve Xiaomi Vela, voltado para a Internet das Coisas, teve sua versão open source, o openvela, disponibilizada nas plataformas GitHub, Gitee e GitCode. Atualmente, o sistema conta com mais de 100 parceiros globais, suporta mais de 1.500 tipos de produtos e está presente em mais de 160 milhões de dispositivos.

Segundo dados divulgados no evento, a Xiaomi alcançou 742 milhões de usuários ativos mensais no mundo. No ecossistema de hardware, a plataforma Xiaomi AIoT conecta 1,04 bilhão de dispositivos e reúne mais de 15 mil parceiros. No software, a base global de desenvolvedores chegou a 1,2 milhão, com mais de 1,1 bilhão de downloads mensais no mercado doméstico.

Com esse ecossistema, a Xiaomi Auto anunciou a abertura total do CarIoT para a indústria automotiva. A empresa passou a oferecer uma interface unificada para montadoras e fabricantes de hardware veicular. De acordo com informações divulgadas na conferência, o CarIoT já abriu mais de 30 categorias de produtos e firmou parcerias com quatro montadoras, entre elas BYD e GAC Toyota.

Fonte: tmtpost.com