Em outubro, Yiwu, cidade conhecida como o “termômetro do comércio mundial de pequenos produtos”, inaugurou a sexta geração de seu mercado: o Centro Global de Comércio Digital (Global Digital Trade Center), símbolo da nova fase do comércio chinês. O novo mercado abriga mais de 3.700 lojas. Para se orientar, os visitantes usam um mapa digital interativo que localiza produtos e comerciantes em tempo real. O recurso ilustra o avanço da digitalização na cidade.
Nos últimos cinco anos, os comerciantes mudaram o modelo de vendas. Deixaram de depender de clientes presenciais e passaram a vender por lives, vídeos e plataformas online. Com rede óptica de alta velocidade e linhas exclusivas de dados transfronteiriços, Yiwu transformou antigos “comerciantes de balcão” em “comerciantes na nuvem”, conectados a compradores do mundo inteiro.
Inteligência artificial em cada vitrine
A digitalização também chega ao atendimento e à comunicação. Liu Manman, comerciante local, usa anúncios em oito idiomas criados por IA, que sincronizam automaticamente o movimento da boca com o idioma do cliente. “Parece real, e muitos estrangeiros acabam entrando na loja”, explica.
Em todo o centro, há vídeos promocionais e designs de produtos gerados por IA. A comerciante Ji Ruixin conta que uma cliente do Reino Unido solicitou um ajuste em um brinco e recebeu o novo design em meio segundo. “Antes, isso levava até cinco dias.”
Para acompanhar o ritmo, o mercado oferece treinamentos diários sobre ferramentas digitais. “Vim direto do atendimento para a aula de IA. Quem não aprender vai ficar para trás”, afirma Wu Liang, lojista.
Do mercado físico ao ecossistema digital
O Grupo Yiwu Mall criou, em 2020, uma subsidiária de big data para digitalizar o mercado. Segundo Zheng Xiaoming, diretor de marketing da Yiwu China Commodity City Big Data Co., mais de 60 mil lojas físicas migraram para o ambiente online, integrando 17 plataformas globais de e-commerce. A empresa também desenvolveu 13 aplicativos de IA para reduzir custos e aumentar a eficiência.
Até o fim de 2025, Yiwu lançará avatares digitais para transmissões ao vivo e assistentes virtuais de vendas. O sistema Yiwu Pay já permite pagamentos internacionais instantâneos, enquanto uma plataforma digital de cadeia de suprimentos conecta depósitos e transportadoras dentro e fora da China.
“Nos próximos cinco anos, Yiwu deixará de ser apenas um mercado físico e se tornará um mercado digital global que usa tecnologia para impulsionar o comércio mundial”, afirma Zhu Xingping, vice-gerente do Centro Global de Comércio Digital.
A nova geração de comerciantes
Mais da metade dos lojistas do novo centro pertence à nova geração de empreendedores, e 57% já criaram marcas próprias.
O novo centro busca reposicionar Yiwu no cenário internacional. Os produtos locais agora apostam em design próprio e maior valor agregado, afastando-se da imagem de itens genéricos e baratos.
“Nos próximos cinco anos, queremos usar IA e transmissões ao vivo para transformar o ‘Made in Yiwu’ em produtos reconhecidos globalmente”, diz He Tao.
Outros comerciantes compartilham a meta. Zhu He afirma que quer “quebrar os estereótipos sobre o ‘Made in China’ e o ‘Made in Yiwu’”. Para Luo Yanfei, o objetivo é dar “mais força e identidade às marcas chinesas”. Lu Jinglei completa: “Queremos que a China seja lembrada por produtos com design e personalidade”.
Fonte: news.cctv.com


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