Empreendedorismo

Alibaba e JD disputam liderança em inteligência artificial na China

Alibaba e JD
Imagem: Arte China2Brazil

Em 25 de setembro, a inteligência artificial (IA) esteve no centro de duas conferências realizadas em cidades diferentes da China: a Yunqi, organizada pela Alibaba em Hangzhou Cloud Town, e a Conferência Global de Exploradores em Tecnologia da JD.com, em Pequim.

Na JD, o CEO Xu Ran anunciou que Richard Liu (Liu Qiangdong) assumiu a direção do Instituto de Pesquisa Exploratório da empresa. O grupo planeja investir nos próximos três anos para estruturar um ecossistema de IA avaliado em trilhões de RMB. Desde 2017, a companhia já destinou mais de RMB 150 bilhões em pesquisa e desenvolvimento (P&D), valor acumulado até o segundo trimestre de 2025.

Durante o evento, a JD apresentou a marca JoyAI e três produtos principais: JoyAI, TaTaTa e JoyInside, além de aplicações voltadas a varejo, saúde, logística e indústria. O objetivo é reconstruir cadeias de suprimentos com base em modelos multimodais.

A Alibaba, por sua vez, anunciou que ampliará seus investimentos em superinteligência artificial (ASI). Segundo o CEO Wu Yongming, os aportes de capital do grupo, atualmente em RMB 380 bilhões, devem aumentar. Ele afirmou que grandes modelos de IA serão o “próximo sistema operacional” e que a empresa pretende transformar o Qwen no equivalente ao Android da nova era tecnológica.

Rivalidade histórica ganha novo capítulo

A disputa entre Alibaba e JD começou no comércio eletrônico em 2013, quando ocorreu a competição conhecida como “escolha um dos dois”. Desde então, as empresas também se enfrentaram em subsídios no delivery e no varejo físico. Com o e-commerce próximo da saturação, as duas agora direcionam esforços para a economia inteligente, com foco em redução de custos e ganhos de eficiência.

Xu Ran definiu a visão da JD ao afirmar que o valor da IA para a indústria depende da combinação entre modelo, experiência e profundidade do setor. Segundo ele, a empresa busca desenvolvimento sustentável e impacto prático, e não apenas uma corrida acelerada. O time de P&D destacou que o mecanismo de inferência open source Oxygent-9N-xLLM já multiplicou em cinco vezes a eficiência e reduziu em 90% os custos.

No mercado financeiro, as ações da JD subiram 3,46% em Hong Kong no dia 25 e fecharam em alta de 0,98% na Nasdaq, alcançando valor de mercado de US$54,9 bilhões.

Do B2B ao B2C: novas aplicações da IA

O avanço da IA generativa desde o lançamento do ChatGPT em 2022 elevou os valores de mercado de grandes empresas de tecnologia nos EUA em US$ 10,9 trilhões. Hoje, tanto consumidores quanto empresas utilizam a tecnologia em diferentes níveis, e termos como agentes de IA e inteligência incorporada se popularizaram.

Nos últimos 12 meses, os investimentos globais em IA superaram US$ 400 bilhões. Em cinco anos, devem ultrapassar US$ 4 trilhões, configurando o maior ciclo de P&D da história recente.

A Alibaba concentra sua estratégia em modelos básicos, infraestrutura de computação e ecossistema de aplicações. A Tongyi Qianwen atende empresas, enquanto o Quark mira usuários finais. Wu Yongming informou que a Tongyi já disponibilizou 300 modelos open source, baixados mais de 600 milhões de vezes, com 170 mil versões derivadas. A companhia também oferece o Model Studio, o AgentBay e kits como Lingma/Qoder.

Wu explicou que a escolha pelo código aberto busca ampliar cenários de aplicação e gerar valor junto à comunidade global de desenvolvedores.

Já a JD apresentou um panorama que inclui infraestrutura de nuvem inteligente, grandes modelos, plataformas e soluções para B2B e B2C. Entre os destaques estão:

  • JoyAI (Jingxi): superapp de compras e serviços;
  • TaTaTa: agentes digitais personalizados;
  • JoyInside: cérebro multimodal para robôs e dispositivos;
  • JoyIndustrial: modelo para cadeias industriais, treinado com dados de 57,1 milhões de SKUs;
  • JoyAgent 3.0: plataforma corporativa open source de agentes inteligentes;
  • JoyCode IDE 2.0: ferramenta que reduz ciclos de desenvolvimento em 30%;
    JoyScale: plataforma de computação compatível com Nvidia e chips nacionais chineses.

He Xiaodong, vice-presidente da JD, afirmou que o JoyAI superou todos os modelos chineses no benchmark Rrbench, ficando em segundo lugar global, e lidera em raciocínio matemático e científico.

Perspectivas para a próxima década

Nos EUA, investimentos em startups de IA em 2025 somaram US$200 bilhões, com 41% destinados a dez empresas líderes, incluindo OpenAI e Google DeepMind. No mesmo ano, a OpenAI anunciou o recurso Pulse, no ChatGPT, enquanto a DeepMind lançou os modelos Gemini Robotics 1.5 e Robotics-ER 1.5.

Na China, especialistas avaliam que gigantes como Alibaba, ByteDance e JD têm maior capacidade de escalar a tecnologia devido ao alcance em usuários e tráfego.

Wu Yongming descreveu a rota da Alibaba até a ASI em três estágios: inteligência emergente, ação autônoma e auto-iteratividade. A JD, em paralelo, aposta em abrir seus dados de logística, saúde e outros setores para parceiros treinarem modelos.

Segundo He Xiaodong, a tendência é a integração de robôs em serviços, saúde e companhia. Para ele, os robôs evoluirão de companheiros a ferramentas de conhecimento móveis, impulsionados pela maturidade dos grandes modelos.

Fonte: tmtpost.com