Economia

China e ASEAN finalizam negociações da CAFTA 3.0 e avançam na integração econômica regional

China ASEAN CAFTA
Fonte da imagem: Li Ziheng/ Xinhua

China e ASEAN anunciaram a conclusão das negociações da versão 3.0 da Zona de Livre Comércio China-ASEAN (CAFTA), durante a Reunião Extraordinária de Ministros do Comércio, realizada recentemente. O acordo marca uma nova etapa na cooperação econômica entre os dois blocos e repercute na Ásia-Pacífico e no comércio internacional.

Em 2024, o comércio bilateral entre China e ASEAN cresceu 9%, alcançando 6,99 trilhões de yuans, o equivalente a 15,9% das exportações e importações totais da China. As duas partes mantêm a posição de principais parceiros comerciais uma da outra. Especialistas apontam que a nova versão do acordo deve ampliar o volume de comércio, reduzir custos, aumentar a eficiência dos fluxos comerciais e facilitar as trocas entre empresas dos dois lados.

A expectativa é que o comércio bilateral ultrapasse US$1 trilhão nos próximos anos, com impactos diretos sobre empresas e consumidores da região.

Reforço ao livre comércio e às cadeias produtivas regionais

A conclusão da CAFTA 3.0 ocorre em um cenário de instabilidade no sistema multilateral de comércio. China e ASEAN reforçam, com o novo acordo, o compromisso com o livre comércio e a rejeição ao protecionismo. O pacto contribui para maior previsibilidade nas relações econômicas e fortalece a confiança dos mercados globais.

Analistas avaliam que a nova versão da CAFTA deve reduzir barreiras comerciais e obstáculos ao investimento ao harmonizar regras e padrões regulatórios. O texto também prevê avanços na convergência em áreas como tecnologia, certificações e reconhecimento mútuo de normas, com impacto direto na integração das cadeias de produção e fornecimento regionais.

A conectividade logística será outro foco do acordo. A agenda inclui construção de portos, modernização de parques logísticos, melhoria de processos alfandegários, uso de tecnologias para agilizar o despacho de mercadorias e aperfeiçoamento da gestão de riscos nas cadeias de suprimentos.

Além de aprofundar o livre comércio, o acordo reforça o pilar institucional da parceria e avança na construção de uma comunidade de destino compartilhado.

O crescimento do comércio e dos investimentos deve intensificar o contato entre as populações, com reflexos na cooperação política, econômica, social e cultural. A medida busca criar um ambiente favorável ao desenvolvimento regional.

Economia digital e transição verde

A versão 3.0 inclui diretrizes voltadas para a economia digital e a sustentabilidade ambiental. No campo digital, China e ASEAN planejam fortalecer a cooperação em comércio eletrônico, pagamentos digitais e transações transfronteiriças. Também pretendem definir regras conjuntas para o comércio digital e a governança global da economia digital.

Na área ambiental, os países acordaram aprofundar a colaboração em energias renováveis, energia limpa, tecnologias de eficiência energética e proteção ambiental. O objetivo é alinhar desenvolvimento econômico e preservação ambiental.

Novas oportunidades para empresas e setores sociais

A CAFTA 3.0 deve ampliar o acesso de pequenas e médias empresas da ASEAN ao mercado chinês. Medidas de facilitação e políticas públicas nacionais devem apoiar essas empresas na adaptação às novas regras, fortalecendo sua presença nos fluxos comerciais regionais e estimulando a geração de empregos.

O acordo também prevê a intensificação de intercâmbios em áreas como educação, cultura e turismo. A proposta busca fortalecer os laços sociais e ampliar a integração entre os países.

Histórico da CAFTA

A China e os dez países da ASEAN iniciaram a construção da CAFTA em 2002, com a assinatura de acordos sobre bens, serviços e investimentos. Em 2010, a CAFTA 1.0 entrou em vigor, eliminando tarifas em mais de 90% dos produtos. Em 2019, após uma atualização aprovada em 2015, passou a vigorar a versão 2.0, com maior abertura de mercado.

As negociações da CAFTA 3.0 começaram oficialmente em novembro de 2022 e foram finalizadas em outubro de 2024. O novo texto amplia a abrangência do acordo e marca uma nova fase na integração econômica regional.

China e ASEAN devem manter o foco na implementação dos compromissos assumidos e aprofundar a cooperação econômica com base na igualdade, benefício mútuo e interdependência estratégica.

Fonte: Xinhua
Tradução: Mei Zhen Li