Economia

Importações de grãos pela China caem 40,8% no primeiro trimestre de 2025

Importações de grãos
Fonte da imagem: Wang Jilin/ Xinhua

As importações de grãos pela China somaram 22,7 milhões de toneladas entre janeiro e março de 2025, segundo dados da alfândega. O volume representa uma queda de 40,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Apenas o arroz registrou leve alta. As compras externas de trigo, milho, soja, sorgo, cevada e outros grãos caíram de forma generalizada.

Essa redução colabora para ajustar o mercado doméstico. O recuo nas importações ajuda a conter a pressão sobre os preços, melhora a confiança de empresas comerciais e processadoras, e incentiva os agricultores a ampliar o cultivo. Como resultado, o país fortalece sua capacidade de autossuficiência e reforça o controle sobre a segurança alimentar.

Desde o 18º Congresso do Partido Comunista, a China segue uma estratégia nacional de segurança alimentar baseada em produção doméstica, foco na autossuficiência, capacidade produtiva estável, importações moderadas e apoio tecnológico. O objetivo é garantir oferta interna de cereais e recorrer a importações pontuais para suprir lacunas estruturais.

A oferta de grãos tem alta elasticidade, enquanto a demanda cresce de forma mais rígida. Nos últimos dois anos, o país colheu safras consecutivas em alta e manteve um ritmo elevado de importações. O excesso de oferta pressionou os preços para baixo e afetou a margem de lucro dos produtores.

Em cenários de boa safra, o governo costuma restringir as importações para dar prioridade aos grãos nacionais. Já em situações de escassez, as compras externas aumentam para evitar desabastecimento. No entanto, quando o mercado opera com ampla abertura e há grande diferença entre os preços interno e externo, o controle das importações se torna necessário. A entrada desordenada de grãos baratos do exterior pode desequilibrar o mercado interno e comprometer a sustentabilidade da produção agrícola nacional.

Como um dos maiores importadores globais de grãos, a China aplica regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) para controlar as importações, usando cotas e tarifas como ferramentas de regulação. Essa política visa proteger o mercado interno e manter a segurança alimentar.

Desde que ingressou na OMC, a China adota um modelo de gestão baseado em cotas rígidas e tarifas leves. Para trigo, milho e arroz, as cotas têm tarifa de 1%. Fora delas, a tarifa sobe para 65%. Esses limites se mantêm constantes ao longo do tempo. Para produtos como soja, sorgo, cevada e óleo de colza, o país aplica tarifas baixas, com o objetivo de equilibrar a oferta com custos menores de importação.

Neste ano, a China elevou as tarifas sobre soja, milho e trigo dos Estados Unidos. A medida responde às pressões comerciais impostas por Washington e está alinhada às regras internacionais. Com estoques altos e fontes de importação diversificadas, o país manteve o abastecimento interno e impôs perdas ao setor agrícola norte-americano. Empresas dos EUA reduziram operações na China para lidar com os efeitos da disputa comercial.

Enquanto enfrenta incertezas no comércio global, a China amplia acordos com países em desenvolvimento. Atualmente, 43 nações da Ásia, África, América Latina e Europa têm acesso ao mercado chinês com tarifa zero. A medida reforça a estratégia de abertura econômica e amplia a cooperação internacional em setores estratégicos.

A retração nas importações reflete o impacto das políticas internas de regulação e a resposta da China ao ambiente externo instável. Em um cenário de mudanças no comércio internacional de grãos, o país continuará investindo na produção doméstica e diversificando parcerias para construir uma cadeia global de abastecimento mais segura e eficiente.

Fonte: jingjiribao.cn