Na China, já é possível usar a moeda digital em atividades do dia a dia. O yuan digital, ou e-CNY, é aceito, por exemplo, no transporte público, cafeterias, lojas de conveniência ou plataformas de comércio eletrônico. A ascensão da e-CNY poderá significar uma grande transformação para o comércio internacional. De acordo com Sérgio Quadros, especialista em Negócios e Empreendimentos Internacionais, o yuan digital será a moeda preferida no comércio com a China. “A China terá a vantagem de ser líder de mercado com o CBDC (moeda digital do banco central), e os exportadores e importadores usarão o yuan digital por uma questão de conveniência no comércio com aquele país, seja pela agilidade, redução dos custos de transação ou aumento de comércio com a China”, afirma o especialista.
A moeda é a versão digital do dinheiro em papel. Controlada e emitida pelo governo, possui as mesmas funcionalidades que a moeda yuan tradicional, de reserva de valor, unidade de conta e meio de pagamento. O Banco Central chinês já está colaborando com a principal agência mundial para pagamentos internacionais, a SWIFT, para agilizar as transferências financeiras em yuan digital. Segundo o artigo escrito por Quadros, publicado em abril, na Carta Brasil-China, do Conselho Empresarial Brasil-China, isso vai facilitar os pagamentos de mercadorias no comércio mundial, pois os exportadores não terão que assinar contratos em moeda estrangeira ou fazer pagamentos com vencimento com meses de antecedência. “Por isso a importância de uma plataforma comum e da interoperabilidade das moedas”, explica.
O especialista afirma que, para entender a influência que o e-CNY pode exercer no comércio internacional com a China, é importante considerar algumas conquistas da moeda chinesa em seu processo de internacionalização. A primeira delas foi a decisão do Fundo Monetário Internacional (FMI) de incluir o renminbi na composição da sua cesta de moedas, conhecida como Direitos Especiais de Saque (SDR), em 2016. Esse fato foi importante para o reconhecimento pela comunidade financeira mundial da moeda chinesa como um ativo internacional. Dados fornecidos pelo FMI mostram que, em dezembro de 2021, o renminbi já integrava reservas internacionais equivalentes a US$ 267 bilhões, um crescimento de 270% nos últimos cinco anos. Esses dados também demonstraram que o Brasil tinha quase 5% do total das suas reservas internacionais em moeda chinesa.
Testes com a moeda digital
Recentemente, os maiores bancos chineses foram incluídos nos testes da moeda digital, juntamente com o Banco Central chinês, criando suas carteiras digitais, conhecidas como wallets. A instituição também trabalha em conjunto com grandes fintechs, como a Ant Financial, do grupo Alibaba, e vem educando o público sobre o uso da sua moeda digital, com experimentos realizados em mais de 25 cidades, entre elas Pequim e Xangai. Em dezembro de 2021, o número de usuários pessoas físicas ultrapassou 261 milhões, enquanto o de pessoas jurídicas superou 8 milhões. O volume total emitido de moeda digital atingiu o equivalente a US$ 13,8 bilhões.
O artigo cita ainda outro aspecto relevante nesse processo de internacionalização: a assinatura de acordos de swaps de moedas com mais de 40 países, além de tratados de cooperação financeira e de compensação de operações internacionais de renminbi, com a implantação de 25 centros financeiros em diversos países e regiões. O volume de negócios em moeda chinesa nesses 25 centros financeiros atingiu, em 2020, RMB 3,69 trilhões (US$ 581 bilhões), com 907 bancos participantes ao redor do mundo.
Moeda digital no mundo
De todas as economias mundiais, a China é o país que tem o seu projeto de moeda digital mais adiantado. Estudos feitos pelo Banco Central da China (PBOC) sobre a tecnologia blockchain para a implementação de uma moeda digital, conhecida, também, como ou CBDC (Central Bank Digital Currency), iniciaram em 2014. Segundo Quadros, o avanço do e-CNY deflagrou a corrida dos bancos centrais de diversos países por estudos para criação de suas moedas digitais, entre eles EUA, Inglaterra, Japão, Rússia, Austrália, Canadá, entre outros. “O domínio da China em moeda digital decorrerá naturalmente de sua posição como o maior exportador do mundo. E a China já está anos à frente nessa corrida tecnológica”, afirma.
Fonte: Carta Brasil-China, Conselho Empresarial Brasil-China
Crédito: Redação China2Brazil