Estamos passando pelo melhor momento da história da relação bilateral entre Brasil e China, desde que os dois países abriram suas respectivas embaixadas em Pequim e em Brasília, em 1974. O momento é especial não apenas porque em 2024 Brasil e China completaram 50 anos de relações diplomáticas, mas porque os dois países consolidaram laços econômicos, políticos e comerciais, atingindo um novo patamar na cooperação estratégica.
Desde 2009, a China tem consistentemente se posicionado como o principal parceiro comercial do Brasil e com investimentos em constante aumento. O comércio bilateral do Brasil com a China atingiu US$ 157 bilhões em 2023, com exportações brasileiras para a China totalizando US$ 104 bilhões e um superávit comercial significativo de US$ 53 bilhões para o Brasil. Ao mesmo tempo, cerca de US$60 bilhões de investimentos Chineses foram aportados no Brasil nos últimos 10 anos.
Em novembro, o presidente chinês participou da 19ª Cúpula do G20 e, posteriormente recebeu uma recepção calorosa em Brasília, onde foi homenageado com uma visita de Estado acompanhada de honras militares. Durante sua visita, mais de 37 acordos foram assinados, abrangendo diversos setores-chave da economia e sociedade.
Os dois países elevaram a parceria estratégica ao patamar de “comunidade de futuro compartilhado por um mundo mais justo e um planeta sustentável”, um conceito desenvolvido pelos chineses para guiar suas relações com o mundo. “A elevação das relações bilaterais à comunidade de futuro compartilhado China-Brasil por um mundo mais justo e um planeta mais sustentável, além do estabelecimento de sinergias entre a iniciativa Cinturão e Rota e as estratégias de desenvolvimento do Brasil, no contexto da evolução acelerada da configuração internacional, tudo isso demonstra nossa determinação de identificar, responder e aproveitar as mudanças”, enfatizou o presidente chinês, Xi Jinping.
Com isso, novas oportunidades de desenvolvimento mútuo se expandem para os próximos 50 anos, em áreas como infraestrutura sustentável, transição energética, economia verde, inteligência artificial, economia digital, saúde, aeroespacial, semicondutores e cultura.
Nesses 50 anos, um exemplo do sucesso de parceria entre os dois países é o Programa CBERS (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres), que foi lançado em 1988, e é um marco da cooperação bilateral no setor de alta tecnologia, pesquisa, inovação e infraestrutura espacial. Esta parceria foi fundamental para que nossos países dominassem tecnologias aeroespaciais. Outro importante exemplo é parceria estratégica que criou a COSBAN (Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação), em 2004. Essa iniciativa de alto nível mantém um canal de comunicação fundamental para coordenar as ações entre os dois países.
Como observador atuante para estreitar a relação entre os dois países, reafirmo que o melhor ainda está por vir nas relações Brasil-China. Novas áreas de cooperação, novos produtos de exportação brasileiros recentemente aprovados pela China, maior intercâmbio com a chegada de delegaçoes empresariais e a chegada de novos investimentos chineses impulsionarão ainda mais o comércio bilateral e o crescimento econômico.
2024 não é apenas um ano de celebração, mas também um ponto de partida para uma nova fase nas relações sino-brasileiras.
Por: Daniel Lau
Diretor Comercial do IEST Group