Economia

Tarifas dos EUA não mudam rumo da economia chinesa, diz autoridade

Tarifas economia chinesa
Fonte da imagem: Yao Dawei/ Xinhua

O vice-diretor do Departamento Nacional de Estatísticas da China, Sheng Laiyun, afirmou nesta terça-feira (16) que as tarifas impostas pelos Estados Unidos prejudicam a economia global e violam as regras do comércio internacional. A declaração foi feita durante uma coletiva de imprensa promovida pelo Escritório de Informações do Conselho de Estado da China. A China enfrenta uma tarifa de até 245% sobre importações para os Estados Unidos como resultado de ações retaliatórias do governo americano.

Segundo Sheng, a China rejeita o protecionismo tarifário e as práticas comerciais adotadas pelos EUA, classificadas por ele como “bullying”. Ele afirmou que as medidas americanas afetam não apenas a China, mas também os próprios Estados Unidos, além de comprometerem a ordem econômica internacional e dificultarem a recuperação econômica global.

Sheng anunciou que o país adotará contramedidas para proteger seus interesses e defender o sistema multilateral de comércio e as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Impactos no curto e longo prazo

O vice-diretor reconheceu que, no curto prazo, as tarifas impostas pelos EUA pressionam a economia chinesa e o comércio exterior. No entanto, afirmou que essas barreiras não alteram a tendência de crescimento sustentável da China. Segundo ele, o país possui condições para enfrentar desafios externos e cumprir suas metas de desenvolvimento.

Sheng apresentou cinco pontos que, segundo ele, explicam essa resiliência:

1. Estrutura econômica e demanda interna

A China se consolidou como a segunda maior economia do mundo após mais de 40 anos de reforma e abertura. O país lidera o setor manufatureiro global há 15 anos e mantém um sistema industrial completo. Com uma população superior a 1,4 bilhão de pessoas e um PIB per capita acima de US$ 13 mil, o consumo interno cresce de forma constante, impulsionando o investimento e o comércio doméstico.

2. Diversificação de mercados e exportações

A China ampliou suas parcerias comerciais e reduziu a dependência dos EUA. Atualmente, mantém relações comerciais com mais de 150 países e regiões. As exportações para parceiros da Iniciativa Cinturão e Rota cresceram 7,2% no primeiro trimestre de 2025 e já representam mais da metade do comércio exterior chinês.

A participação dos EUA nas exportações da China caiu de 19,2% em 2018 para 14,7% em 2024. Apesar das restrições impostas por outros países, as exportações chinesas avançaram 6,9% no primeiro trimestre deste ano.

3. Transição econômica e inovação

Desde o 18º Congresso do Partido Comunista, a China prioriza o desenvolvimento de alta qualidade. A economia passou a ser impulsionada pela demanda interna e pela inovação. Mais de 80% do crescimento nos últimos cinco anos veio do mercado interno. Em 2023, a “nova economia” respondeu por cerca de 18% do PIB, e a economia digital, por 10%.

4. Experiência em gestão de crises e políticas públicas

O país já enfrentou a crise financeira asiática, a crise global de 2008, tensões comerciais com os EUA e os efeitos da pandemia de COVID-19. Sheng destacou que o governo chinês adotou políticas fiscais mais ativas e uma política monetária moderadamente flexível. Os efeitos dessas medidas já aparecem nos dados do primeiro trimestre, e novas ações serão implementadas conforme o cenário exigir.

5. Governança centralizada e mobilização social

A liderança do presidente Xi Jinping e do Comitê Central do Partido Comunista permite a mobilização rápida de recursos diante de crises. Sheng também destacou o papel das empresas e da população, que segundo ele, contribuem de forma decisiva para enfrentar riscos e manter a estabilidade econômica.

Ao final, Sheng afirmou que o governo chinês mantém confiança nas perspectivas de crescimento e na trajetória de longo prazo da economia nacional.

Fonte: thepaper.cn