O mercado acionário da China se recuperou em 15 de outubro, após a volatilidade causada pelo anúncio dos Estados Unidos de novas tarifas sobre produtos chineses. O índice SSE Composite de Xangai subiu mais de 1% e voltou a ultrapassar 3.900 pontos. Analistas avaliam que o impacto das tarifas é limitado e não deve alterar a tendência de alta de longo prazo das ações chinesas.
Segundo Yuan Fang, analista da SDIC Securities, a economia chinesa mantém fundamentos sólidos e capacidade para absorver o impacto tarifário. Em setembro, as exportações totais da China cresceram 8,3% em relação ao mesmo período de 2023, apesar da queda nas vendas para os EUA.
Dados da Administração Geral das Alfândegas mostram que, nos três primeiros trimestres de 2025, o comércio entre a China e os países da Iniciativa Cinturão e Rota atingiu RMB 17,37 trilhões, alta de 6,2% em um ano. Esse comércio representou 51,7% do total das importações e exportações chinesas. As exportações de produtos eletromecânicos somaram RMB 12,07 trilhões, crescimento de 9,6%, correspondendo a 60,5% do total exportado.
Yuan Fang avalia que as tarifas norte-americanas têm efeito restrito sobre as exportações, que continuam impulsionadas pela demanda global e pela competitividade dos produtos chineses. Ele também considera que a tarifa de 100% anunciada pelos EUA para novembro tende a ter impacto limitado. Segundo o analista, o mercado já se mostrou menos sensível após medidas semelhantes em abril deste ano e durante as tensões comerciais de 2018. Além disso, ele observa que o governo Trump costuma usar o anúncio de tarifas elevadas como instrumento de negociação, o que torna incerta a implementação efetiva da nova tarifa.
Para Liu Yu, economista-chefe da Huaxi Securities, as tarifas excessivas não se sustentam no longo prazo. Ele lembra que, em abril, após o aumento das tarifas sobre produtos chineses, as importações norte-americanas da China caíram em maio, mas os EUA não conseguiram substituir os fornecedores chineses, o que levou a novas negociações comerciais. Liu aponta que, caso as novas tarifas sejam aplicadas, elas podem gerar impasses no comércio bilateral e afetar a temporada de compras de Natal nos EUA. Para ele, o anúncio atual funciona mais como uma tática de pressão, com efeito menor sobre a Bolsa chinesa do que o observado em abril.
Fang Yi, analista da Guotai Haitong Securities, afirma que o mercado teme uma repetição do cenário de abril, mas o contexto atual é mais estável. Ele ressalta que o sentimento dos investidores melhorou e que, diante de riscos externos, o foco deve estar nas expectativas de longo prazo. Fang vê os choques tarifários como fatores de curto prazo e acredita que as quedas recentes podem representar oportunidades de compra, apoiadas na transformação estrutural da economia chinesa e na crescente busca por ativos de qualidade.
Li Qiusuo, analista da China International Capital Corporation (CICC), destaca que a reestruturação da ordem monetária global e a menor atratividade dos ativos em dólar fortalecem o renminbi (RMB). Ele acrescenta que o desempenho do setor de tecnologia e a avaliação equilibrada do mercado acionário sustentam a atual tendência de alta. Com a aproximação da divulgação da 15ª Estratégia Quinquenal, Li projeta continuidade na valorização dos ativos chineses.
Fonte: China news
Adicionar Comentário