O setor imobiliário chinês, que representa 30% da economia chinesa, enfrenta uma turbulência desde 2021. Diante do alto endividamento e da disparada dos preços dos imóveis, o governo implementou medidas rigorosas que restringiram as oportunidades de negócios no setor e impactaram toda a atividade econômica. Um dos pontos críticos dessa situação foi o colapso do Grupo Evergrande, um gigante do mercado imobiliário chinês, que entrou em crise em dezembro de 2021, provocando graves consequências para o setor.
A crise da Evergrande teve início no final de 2021, em um momento em que o mercado imobiliário da China estava em alta. Movida por um “impulso de construção”, a empresa tomou emprestado mais de 2,4 trilhões de RMB (330 bilhões de dólares) para erguer habitações. No entanto, logo se deparou com um problema de superoferta e a situação se agravou até 16 de agosto de 2023, quando a empresa declarou falência na Bolsa de Valores de Shenzhen, expondo uma bolha de dívidas. Um dia depois, em 17 de agosto, a empresa também solicitou proteção contra falência na Bolsa de Valores de Nova York, podendo ter consequências para o setor imobiliário.
A queda da Evergrande afetou profundamente as vendas das empresas imobiliárias, com mais da metade delas registrando uma queda de 50% nas vendas de janeiro a abril, enquanto outras sofreram perdas médias de 30%. A elevação dos preços dos imóveis tem se revelado um obstáculo quase inacessível para a maioria dos cidadãos chineses, especialmente os mais jovens, que enfrentam dificuldades cada vez maiores para realizar o sonho da casa própria. Essa tendência pode impactar níveis de desenvolvimento do mercado imobiliário a longo prazo e até mesmo a saúde financeira do país.
As mudanças no comportamento dos consumidores e seus efeitos no mercado imobiliário chinês em 2024
Além da crise da Evergrande, que abalou profundamente o mercado, diversos fatores contribuíram para a instabilidade no setor imobiliário. O crescimento contínuo dos preços dos imóveis e as mudanças nos padrões de consumo da população estão entre os principais fatores que ameaçam a estabilidade desse mercado.
Um fator relevante é a mudança no comportamento de consumo da população chinesa, à medida que as novas gerações priorizam diferentes aspectos em suas escolhas de moradia, como sustentabilidade, comodidade e acessibilidade. Essa transformação no cenário do mercado imobiliário exige adaptações rápidas das agências para atender às demandas dos consumidores modernos.
Para 2024, as expectativas para o mercado imobiliário chinês são incertas, mas alguns analistas apontam para uma possível recuperação lenta e gradual que poderá levar anos. Essa recuperação seria sustentada por uma grande intervenção do governo e uma maior diversificação das fontes de financiamento. O governo chinês deve aumentar os investimentos em infraestrutura e habitação social, bem como facilitar o acesso ao crédito para os compradores de primeira viagem.
Além disso, as empresas imobiliárias devem buscar novas formas de captação de recursos, como emissão de ações, títulos verdes e parcerias estratégicas, a fim de reduzir sua dependência de individualização e aumentar sua competitividade. Outra tendência que pode se consolidar em 2024 é a expansão do mercado imobiliário comercial, especialmente nas áreas de escritórios, varejo e logística, que devem se beneficiar da recuperação da demanda doméstica e do comércio internacional.
Créditos: China2Brazil
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