Economia

Moeda chinesa desafia dólar e assume o controle no comércio Sino-Russo

Comércio Sino-Russo

Por: Li Garry

Em um cenário marcado por mudanças econômicas e geopolíticas, a parceria estratégica entre China e Rússia atingiu um novo marco durante a décima reunião do Comitê de Cooperação de Investimentos, realizada em Pequim no último dia 20 de novembro. O primeiro vice-primeiro-ministro russo, Belousov, revelou que a liquidação em renminbi e rublo agora responde por impressionantes 95% de todo o comércio bilateral entre as duas nações.

O alto escalão russo expressou seu comprometimento com essa intensificação das relações, destacando que a parceria estratégica sino-russa está em um nível sem precedentes na nova era. Belousov afirmou que a Rússia está pronta para implementar os consensos estabelecidos pelos líderes das duas nações, fortalecendo a coordenação estratégica e colhendo frutos ainda mais substanciais da cooperação prática.

O que chama atenção é a mudança significativa na forma como as transações comerciais estão sendo conduzidas entre os dois países. O ministro das Finanças russo, Siluanov, revelou anteriormente que mais de 70% das transações comerciais entre China e Rússia agora são liquidadas em moedas locais, marcando uma notável desdolarização em comparação aos 30% registrados apenas dois anos atrás.

Os impactos dessa mudança já são visíveis nos números do comércio bilateral. Em 2022, o volume de comércio sino-russo alcançou um recorde de US$ 190,271 milhões, registrando um robusto aumento de 29,3% em relação ao ano anterior. A China, mantendo sua posição como principal parceiro comercial da Rússia pelo 13º ano consecutivo, capitalizou sobre as oportunidades surgidas após o conflito Rússia-Ucrânia. Mais de mil empresas estrangeiras retiraram-se da Rússia, abrindo espaço para produtos chineses, que agora dominam setores que vão de automóveis a vestuário.

Em meio às restrições nas exportações de petróleo e gás russos para a Europa, a Rússia encontrou na China um mercado em expansão. Acordos sobre gasodutos de gás natural agora estão em andamento, fortalecendo ainda mais a segurança energética da China.

Dados recentes divulgados pela Administração Geral das Alfândegas da China em outubro indicam um aumento substancial de 29,5% no comércio sino-russo nos primeiros nove meses de 2023, alcançando US$ 176,416 milhões. Projeções otimistas apontam para a possibilidade desse valor ultrapassar os US$ 200 bilhões até o final do ano.

Além das implicações econômicas, a mudança na dinâmica das transações comerciais apresenta desafios geopolíticos. A redução no uso do dólar nas transações sino-russas levou a Secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, a renovar os apelos para que a Rússia se reintegre ao sistema SWIFT.
Esse movimento de desdolarização não se limita apenas à China e à Rússia. Outras nações, como Arábia Saudita, Brasil, Irã e até mesmo a Austrália, têm adotado transações bilaterais em moeda local, sinalizando uma tendência global em direção à diversificação das moedas de liquidação.

Tradução: Mei Zhen Li
Imagem principal: Eric Prouzet/Unsplash