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Mini-novelas e social commerce despontam como grandes tendências da Creator Economy no Brasil

Mini-novelas
Imagem: China2Brazil

Quando o assunto é Creator Economy, a China se consolida como referência global na criação de tendências. Em um painel realizado nesta segunda-feira (29), durante o YouPix Summit, especialistas discutiram como os modelos de negócios asiáticos vêm influenciando o cenário brasileiro. Entre os formatos que ganham força, destacam-se as mini-novelas, conhecidas como microdramas, e o social commerce, que despontam como novas formas de consumo de entretenimento com grande potencial de crescimento no país.

Segundo Claudine Bayma, country manager do Kwai Brasil, as mini-novelas, formato lançado pelo Kwai no Brasil em 2022, já somam mais de 100 bilhões de visualizações. Segundo ela, o modelo, inspirado no consumo chinês de microdramas, ganhou força por se adaptar ao comportamento do público, que hoje assiste a narrativas rápidas no celular. “Enquanto a família antigamente se reunia para ver a novela das oito na sala, hoje cada um tem a sua própria experiência no seu próprio celular na palma da mão. O vertical é muito mais do que um enquadramento. O vertical é a cumplicidade do usuário com o conteúdo”, afirmou Claudine.

Claudine acrescentou que o investimento da plataforma no Brasil soma cerca de R$70 milhões, com 20% destinados ao Tele Kwai. “Na China, o Kwai produz seis mil títulos por ano. Aqui, ainda estamos em cerca de 100, mas queremos alcançar essa maturidade (do mercado chinês)”. Além da publicidade e do branded content, que são conteúdos produzidos em nome de uma marca, Claudine destacou a possibilidade de que histórias testadas no digital avancem para TV e cinema, movimento já presente no mercado chinês.

Criador como empresa e o avanço do social commerce

Lucas Peng, COO do IEST Group e responsável pela agência de marketing de influência ECN, destacou a chegada do social commerce, modelo em que a compra é feita diretamente dentro das redes sociais, e ressaltou a diferença de mentalidade entre criadores brasileiros e asiáticos. “O Brasil ainda está um pouquinho atrás nesse aspecto porque o criador pensa como mídia, vitrine. Na China o criador é uma empresa, ele tem funcionários e ele é a conversão. Ele entende o poder que ele tem para mudar”, disse.

Ele destacou também o papel de KOL (Key Opinion Leader) e KLC (Key Opinion Consumer) no mercado asiático, apontando que microinfluenciadores têm grande impacto na conversão. “A gente que está começando agora com o Kwai Shop e o TikTok Shop no Brasil percebe que o criador ainda tem uma certa resistência e pensa ‘vou fazer live de vendas? Não, eu sou influenciador, sou celebridade, não sou vendedor’”, afirmou.

O social commerce foi outro destaque. Só em 2025, a prática deve movimentar US$1,2 trilhão, de acordo com pesquisa da Accenture, e boa parte vinda de transmissões ao vivo. Claudine explicou que o formato exige habilidades específicas: “O criador de conteúdo de live é um perfil, tem uma dinâmica, uma retórica, um roteiro completamente diferente do criador de conteúdo, por exemplo, de lifestyle ou de Telekwai.”

Segundo Peng, o formato exige preparo diferenciado: “Uma live de venda tem dinâmica própria, diferente do lifestyle. Enquanto no Brasil as transmissões duram de duas a três horas, na China elas ultrapassam seis horas. No 11/11, um criador chamado Austin Lee, vendeu 1,7 bilhão de dólares em uma noite”, afirmou.

Parceria entre marcas e criadores

Os painelistas defenderam que o relacionamento entre marcas e criadores precisa evoluir. Peng destacou que muitas empresas ainda tratam influenciadores apenas como prestadores de serviço, com briefings engessados. “Para quem trabalha com criador, sabe que muitas vezes não é só dinheiro. Às vezes precisa ter afinidade com a marca. Então a marca precisa flexibilizar e falar, eu quero você parceiro junto. E às vezes é essa estratégia.” Claudine complementou: “Se a marca quer resultado de venda, não é o tamanho do criador que vai definir isso. É quanto ele consegue ser engajador. É sobre afinidade e sobre a desenvoltura dele, mas do tamanho de base.”

Inteligência artificial e influenciadores virtuais

O painel também abordou o uso de inteligência artificial e o surgimento de influenciadores virtuais. Para Claudine, a tecnologia deve ser vista como ferramenta de apoio, e não substituição. “Nada, na minha opinião, vai substituir o humano, o criativo. Ele é simplesmente para auxiliar a produção de conteúdo. Para fazer com que fique mais
barato”, disse.

Peng lembrou que algumas marcas chinesas já desenvolvem criadores virtuais próprios para alinhar identidade e narrativa. “Não é para substituir. É justamente alguém que está dando a essência do criador. Não é só um robô falando algo, precisa ter personalidade. Então, é bem esse caminho”, finalizou.