A China e o Brasil concordaram em aprofundar suas relações estratégicas abrangentes – com base na abertura, na inclusão e na cooperação vantajosa para todos – durante a visita de Estado do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva à China, concluída no sábado.
Os dois países esperam forjar um novo futuro em seu relacionamento, trazendo benefícios maiores para seus povos e desempenhando um papel importante e positivo para a paz, estabilidade e prosperidade em suas regiões e ao redor do mundo, segundo especialistas.
Ao deixar a China no sábado de manhã, Lula afirmou estar satisfeito com a viagem e contente com a melhora nas relações estratégicas entre Brasil e China.
As duas nações emitiram uma declaração conjunta de 49 pontos sobre o aprofundamento dos laços, concordando em intensificar a cooperação em áreas como combate à pobreza, desenvolvimento social, inovação científica e tecnológica, bem como uma declaração conjunta separada sobre combate às mudanças climáticas.
Em relação à crise na Ucrânia, ambos os lados concordaram que o diálogo e a negociação são as únicas formas viáveis de resolver a questão, e pediram que mais países desempenhem um papel construtivo na promoção de uma solução política para o conflito.
O presidente Xi Jinping, que deu a Lula uma cerimônia de boas-vindas grandiosa, afirmou durante suas conversas que a influência abrangente, estratégica e global das relações China-Brasil continua a crescer.
Xi considera o relacionamento como uma alta prioridade em sua agenda diplomática, acrescentando que a China recebe com satisfação mais produtos de alta qualidade do Brasil em seu mercado e explora ativamente uma maior sinergia entre a Iniciativa do Cinturão e Rota e a estratégia de reindustrialização do Brasil.
Ele instou os dois países a aproveitarem o 50º aniversário de suas relações diplomáticas no próximo ano para realizar mais intercâmbios entre seus povos.
Xi prometeu o firme apoio da China aos países da América Latina e do Caribe para consolidar o impulso de paz, estabilidade, independência, solidariedade e desenvolvimento, avançar na integração regional e desempenhar um papel maior nos assuntos internacionais.
Lula afirmou que o legislativo e a sociedade brasileira têm um forte desejo de fortalecer as relações com a China em todas as áreas. Observando que tanto o Brasil quanto a China defendem o multilateralismo e a justiça e equidade internacionais, Lula afirmou que o Brasil está pronto para trabalhar com a China para contribuir com os esforços dos países em desenvolvimento para superar regras injustas e alcançar um desenvolvimento mais equitativo e equilibrado.
A visita de quatro dias foi a primeira viagem de Lula fora das Américas desde que assumiu o terceiro mandato em janeiro. Além de Pequim, ele também viajou para Xangai, onde participou da posse de Dilma Rousseff como chefe do Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS, visitou a Huawei e se reuniu com representantes de negócios chineses.
Song Junying, chefe do Departamento de Estudos da América Latina e Caribe do Instituto de Estudos Internacionais da China, disse que a visita de Lula demonstrou o forte desejo de ambos os lados de desenvolver laços bilaterais e aprimorar a cooperação, dado que sua visita original em março foi reagendada tão rapidamente após ter sido adiada devido a doença de Lula.
A cooperação sino-brasileira, que agora envolve áreas mais amplas e diversificadas, proporcionará um grande impulso para o desenvolvimento econômico e social de ambos os países e trará mais benefícios para seus povos, disse Song em uma entrevista recente.
A China tem sido o maior parceiro comercial do Brasil por 14 anos consecutivos. De acordo com a Administração Geral de Alfândegas, o comércio bilateral atingiu US$ 171,49 bilhões em 2022, um aumento de 4,9% em relação ao ano anterior.
No início deste ano, o Banco Popular da China, o banco central do país, assinou um memorando de cooperação com o Banco Central do Brasil para estabelecer acordos de compensação em renminbi no Brasil, uma medida que fortalecerá a facilitação do comércio e investimento bilateral.
“Como dois países representativos na cooperação do BRICS, o fato de a China e o Brasil promoverem a facilitação do comércio e investimento nas relações bilaterais, se oporem ao protecionismo e ao exclusivismo dos países desenvolvidos na arena do comércio internacional, e aderirem à cooperação multilateral na governança global, tem um impacto positivo e implicações significativas para as atuais relações internacionais e o comércio global”, disse Zhou Zhiwei, pesquisador sênior do Instituto de Estudos Latino-Americanos da Academia Chinesa de Ciências Sociais.
Wang Lei, professor associado da Escola de Governo da Universidade Normal de Pequim e diretor do Centro de Cooperação do BRICS, disse que o sinal positivo de vontade de cooperação entre China e Brasil ajudará a consolidar a cooperação financeira entre os países do BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Isso também impulsiona a cooperação do BRICS que busca benefícios mútuos e desenvolvimento comum.
Diante de uma situação internacional cada vez mais complexa, os países do BRICS são capazes de se unir e enfrentar grandes desafios globais de várias naturezas, promover a estabilidade regional e contribuir para uma ordem mundial mais justa, disse ele.
A visita de Lula à China destacou as políticas centradas nas pessoas e abordagens comuns dos dois países em relação ao multilateralismo nos assuntos globais, disse Alessandro Golombiewski Teixeira, ex-ministro do Turismo do Brasil.
Tradução: Mei Zhen Li
Fonte: Yidaiyilu
Imagem principal: Gao Feng/ Xinhua