Empreendedorismo

Governo chinês usa política fiscal para enfrentar instabilidade econômica

Instabilidade econômica
Fonte da imagem: Liu Dawei/ Xinhua

A receita do orçamento público geral da China somou 11,56 trilhões de yuans no primeiro semestre de 2025, queda de 0,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. O resultado representa desaceleração de 0,8 ponto percentual em comparação com o primeiro trimestre. Já as despesas chegaram a 14,13 trilhões de yuans, com alta de 3,4% na mesma base de comparação.

Embora a arrecadação tenha recuado no acumulado do semestre, o país registrou crescimento contínuo da receita tributária a partir de abril. A arrecadação com impostos totalizou 9,29 trilhões de yuans, queda de 1,2% na comparação anual. No entanto, a receita tributária mensal cresceu por três meses consecutivos. Os principais tributos, como imposto sobre valor agregado, imposto sobre consumo doméstico e imposto de renda pessoal, apresentaram avanço constante.

A receita oriunda de empresas de equipamentos ferroviários, navais e aeroespaciais aumentou 32,2%, 9,2% e 6,3%, respectivamente. Já o setor de pesquisa científica e serviços técnicos registrou alta de 13,8%. Os dados indicam melhora gradual na qualidade e eficiência da indústria, associada à reestruturação econômica e ao avanço de novas tecnologias.

Em âmbito regional, 27 das 31 províncias chinesas reportaram crescimento na arrecadação. A receita dos orçamentos locais subiu 1,6%, reforçando sinais de resiliência econômica em diferentes partes do país.

Aumento nas despesas sociais

As despesas do governo refletiram a intensificação de políticas fiscais voltadas ao bem-estar social. No primeiro semestre, os gastos com previdência e emprego subiram 9,2%. Educação, saúde e ciência e tecnologia registraram aumentos de 5,9%, 4,3% e 9,1%, respectivamente. A ampliação dos gastos sociais acompanha a diretriz de ampliar a proteção social e estimular o consumo das famílias.

O governo central também elevou o padrão mínimo da pensão básica em 20 yuans por mês para residentes urbanos e rurais. Além disso, ampliou os subsídios federais e promoveu a redistribuição nacional dos fundos de previdência. Mais de 300 milhões de idosos devem ser beneficiados com a medida.

Papel dos títulos públicos

A emissão de títulos do governo teve papel relevante no estímulo ao investimento. No primeiro semestre, foram lançados 658,3 bilhões de yuans em títulos especiais do tesouro de longo prazo voltados à construção de projetos estratégicos. Outros 500 bilhões de yuans foram destinados à capitalização de quatro grandes bancos estatais.

Governos locais emitiram 2,6 trilhões de yuans em novos títulos para financiar obras de infraestrutura e projetos prioritários. O escopo dos títulos especiais foi ampliado, com maior capacidade de alavancar investimentos.

Gestão da dívida local

O governo avançou na gestão da dívida pública local. Até junho, foram emitidos 1,8 trilhão de yuans dos 2 trilhões previstos para o ano em títulos de substituição, com 1,44 trilhão já utilizado. A medida reduziu a pressão sobre os caixas locais, aliviou o pagamento de juros e liberou recursos para outras prioridades, como salários, educação e saúde.

Desafios no segundo semestre

Apesar dos resultados, o cenário fiscal ainda enfrenta desafios. A combinação de incertezas internas e externas impõe pressão ao equilíbrio das contas públicas. Para o segundo semestre, o governo deverá acelerar a execução do orçamento e adotar medidas adicionais conforme a evolução da economia.

A prioridade será manter o apoio ao emprego, às empresas e à renda das famílias. Isso inclui otimizar os gastos públicos, ampliar os investimentos em políticas sociais e fortalecer o consumo interno.

O “Relatório de Trabalho do Governo” de 2025 já previa uma política fiscal mais ativa. O desempenho no primeiro semestre confirma os efeitos dessa abordagem. A expectativa é que, com continuidade dessa política, o país consiga cumprir suas metas de desenvolvimento econômico e social ao longo do ano.

Fonte: finance.people