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Fabricantes de veículos pressionam governo dos EUA contra nova tarifa

Tarifa EUA
Fonte da imagem: Wu Lu/ Xinhua

A administração Trump enfrenta críticas crescentes diante da iminente aplicação de novas tarifas sobre navios estrangeiros que transportam automóveis aos Estados Unidos. Fabricantes de veículos afirmam que a medida elevará custos para os consumidores americanos e pressionam por uma reavaliação.

O Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) encerrou recentemente o período de consulta pública sobre a proposta. No total, 68 partes interessadas enviaram comentários, incluindo o governo da Coreia do Sul. Entre os críticos estão o Conselho Mundial de Navegação, a Ford e a Caterpillar, que alertaram para os impactos negativos das tarifas sobre o setor.

Segundo a Alliance for American Manufacturing, mesmo com a tarifa reduzida para US$14 por tonelada líquida, o custo por navio pode alcançar US$600 mil. Profissionais do setor de logística ouvidos pelo portal chinês, Yicai Global, afirmam que a medida deverá elevar os preços ao consumidor, já que os custos operacionais devem ser repassados à cadeia.

Primeira fase começa em outubro

O plano tarifário foi anunciado em abril. A primeira fase entra em vigor em 14 de outubro, com a introdução da chamada “tarifa de serviço marítimo” para navios estrangeiros que transportam veículos. Inicialmente, o USTR propôs uma cobrança de US$150 por unidade equivalente de automóvel (CEU). Após pressões, a base de cálculo foi alterada para tonelagem líquida, com valor fixado em US$14 por tonelada.

A indústria considera a mudança insuficiente. Em comunicado, Joe Kramek, CEO do World Shipping Council, afirmou que as tarifas têm efeito retroativo, são ilimitadas e não atacam os comportamentos que o governo busca corrigir.

O CEO da Wallenius Wilhelmsen, Lasse Kristoffersen, também se manifestou contra a medida. Segundo ele, a nova regulamentação compromete a competitividade das exportações americanas e cria obstáculos logísticos relevantes para as empresas que operam nos portos do país.

Capacidade limitada e pressões do setor

Em sua contribuição ao USTR, o grupo Autos Drive America destacou que a indústria naval dos EUA levará anos para entregar uma frota de navios capaz de atender à demanda. Sem embarcações alternativas, a tarifa não alcançará seu objetivo de incentivo à construção naval doméstica.

A Ford afirmou que a cobrança indistinta da tarifa, independentemente da propriedade do navio, impõe um ônus desproporcional às montadoras americanas. A Caterpillar alertou que menos navios poderão optar por atracar nos EUA, reduzindo opções logísticas e aumentando custos.

A Federação Nacional do Varejo dos EUA também criticou a medida, destacando que os custos serão repassados aos donos de carga, importadores e exportadores.

Já a Associação Americana das Autoridades Portuárias (AAPA), que representa 81 portos públicos do país, afirmou que os estaleiros dos EUA não têm capacidade para expandir rapidamente a oferta de navios, dificultando a substituição dos atuais operadores estrangeiros.

Fontes do setor de logística afirmam que empresas aguardam definições antes de adaptar suas rotas. A substituição do transporte marítimo por rotas terrestres via Canadá e México seria limitada e mais onerosa.

Coreia do Sul pede isenção

O governo sul-coreano solicitou formalmente ao USTR a exclusão do país da nova taxa. Segundo comunicado enviado pelos ministérios da Indústria e da Pesca, a tarifa prejudicaria empresas como Hyundai, Kia e a transportadora Hyundai Glovis, afetando tanto a Coreia quanto os EUA.

O documento afirma que a medida representa um ônus adicional às indústrias dos dois países, podendo comprometer a parceria comercial. As autoridades coreanas pedem que a taxa seja revista e limitada a cinco cobranças por navio por ano, já que as embarcações costumam operar com múltiplas escalas ao longo do ano.

O governo também destacou que Hyundai e Kia cumpriram compromissos de investimento durante o primeiro mandato de Trump e anunciaram US$21 bilhões em novos aportes. A Coreia defende que os EUA ajustem a proposta para evitar danos ao setor industrial de aliados estratégicos.

Fonte: yicai.com