A China superou, pela primeira vez, a marca de RMB 13 trilhões em exportações no primeiro semestre de 2025. O dado foi divulgado nesta segunda-feira (14) por Wang Lingjun, vice-diretor da Administração Geral das Alfândegas, durante coletiva promovida pelo Escritório de Informação do Conselho de Estado. O valor representa um crescimento de 7,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, apesar das pressões externas.
O setor automotivo continua entre os principais responsáveis por esse desempenho. Segundo a Associação Chinesa da Indústria Automobilística (CAAM), o país exportou 3,083 milhões de veículos de janeiro a junho deste ano, alta de 10,4% na comparação anual.
Durante o Fórum Automotivo da China 2025, realizado em 12 de julho, o especialista Wu Songquan, do Centro de Pesquisa Estratégica e de Políticas da Indústria Automotiva, projetou que as exportações de veículos podem atingir o pico durante o 15º Plano Quinquenal. Ele também apontou que a produção local em mercados externos deve ganhar força como tendência.
Desde 2021, as exportações de veículos chineses cresceram de forma contínua. O país enviou 2,01 milhões de unidades ao exterior naquele ano, 3,11 milhões em 2022, 4,91 milhões em 2023 e 5,86 milhões em 2024.
Os veículos de nova energia (NEVs) lideram esse avanço. No primeiro semestre de 2025, a China exportou 1,06 milhão de NEVs, sendo 1,011 milhão de passeio, o que representa aumento de 71,3% na comparação com o mesmo período de 2024.
Segundo relatório da Zhineng Auto, o crescimento geral das exportações desacelerou, mas a estrutura da indústria passou por mudanças. As vendas externas de veículos de passeio chegaram a 2,581 milhões de unidades, enquanto as comerciais totalizaram 502 mil. Os veículos a combustão somaram 2,023 milhões, enquanto os NEVs chegaram a 1,06 milhão, com avanços nos modelos elétricos e híbridos plug-in.
As montadoras chinesas também ampliaram investimentos em canais de distribuição e estratégias de marca no exterior. A expansão nos segmentos A, B e SUVs reflete essa mudança. O aumento da eficiência industrial e o avanço na automação da produção têm ampliado a competitividade dos veículos chineses nos mercados internacionais.
O setor aponta que o crescimento das exportações de carros de passeio indica mudança no perfil da demanda. A lógica de grandes encomendas corporativas tem cedido espaço ao consumo individual, o que exige maior desempenho, reputação de marca e suporte pós-venda.
Os híbridos plug-in vêm ganhando espaço. De janeiro a junho deste ano, a China exportou 670 mil veículos elétricos a bateria (BEVs), aumento de 40,2%, e 390 mil híbridos plug-in (PHEVs), alta de 210% em relação ao primeiro semestre de 2024.
Segundo Cui Dongshu, secretário-geral da Associação Chinesa de Veículos de Passageiros (CPCA), o mercado global passa por uma “reorganização elétrica”. A União Europeia impôs restrições aos veículos 100% elétricos, mas os híbridos plug-in continuam sujeitos à tarifa padrão de 10%, o que abriu uma brecha estratégica para fabricantes chineses.
Na Europa, as vendas de veículos chineses cresceram 78% no primeiro trimestre de 2025, alcançando 148 mil unidades, de acordo com a consultoria Dataforce. A participação de mercado subiu de 2,5% para 4,5%. Os híbridos plug-in lideraram a alta, com crescimento de 368% no período.
Cui afirma que os híbridos chineses oferecem vantagem de custo em relação aos modelos europeus, devido à cadeia produtiva consolidada e menores custos de sistema híbrido. Ele também destaca que, em mercados como Sudeste Asiático e Oriente Médio, há incentivos estatais para eletrificação e metas de transição verde até 2030, o que favorece os modelos chineses com bom custo-benefício.
A BYD, por exemplo, aumentou em 307% suas exportações em 2023, com 45% dos veículos vendidos na categoria híbrido plug-in. A Geely, após adquirir a malaia Proton, elevou a fatia de mercado da marca de 10% para 18% em seis meses, com a tecnologia Thor Hi·X. Já a Great Wall instalou uma fábrica de híbridos na Tailândia com capacidade anual de 150 mil unidades, voltada ao Sudeste Asiático.
As maiores exportadoras chinesas de veículos no primeiro semestre de 2025, segundo a Associação Chinesa da Indústria Automobilística, foram:
- Chery: 548 mil unidades (+3,1%);
- BYD: 472 mil (+130%);
- SAIC: 438 mil;
- Changan: 299 mil;
- Geely: 236 mil.
Fonte: Yicai.com
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