Pesquisadores chineses publicaram, em 18 de dezembro, na revista científica Nature, os resultados de um estudo clínico sobre controle da glicemia e perda de peso no tratamento do diabetes. A pesquisa analisou os efeitos do peptídeo Masto, desenvolvido por uma empresa chinesa, e aponta melhora do açúcar no sangue e de indicadores metabólicos ligados ao sistema cardiovascular, ao fígado e aos rins.
O trabalho se baseia em medicamentos inovadores desenvolvidos na China e oferece orientações clínicas para enfrentar o avanço do diabetes, considerado um problema de saúde pública no país. O estudo avaliou pacientes chineses e buscou responder às necessidades específicas desse grupo populacional.
Guo Lixin, um dos autores do artigo e especialista-chefe do Departamento de Endocrinologia do Hospital de Pequim e do Centro Nacional de Geriatria, afirmou que a publicação em um periódico de alto impacto indica o reconhecimento internacional da pesquisa clínica original conduzida na China. Segundo ele, medicamentos inovadores desenvolvidos no país já competem com terapias internacionais e podem beneficiar um número maior de pacientes.
O diabetes integra o grupo das quatro principais doenças crônicas que ameaçam a saúde da população chinesa. Muitos pacientes apresentam alterações metabólicas associadas, como obesidade, hipertensão e dislipidemia. Diante desse cenário, o programa governamental “China Saudável (2019–2030)” incluiu uma ação específica de prevenção e controle do diabetes.
Em comparação com pacientes da Europa e dos Estados Unidos, pessoas com diabetes na China apresentam maior incidência de resistência à insulina, esteatose hepática e acúmulo de gordura visceral. A obesidade abdominal aparece como a manifestação clínica mais comum. Apesar disso, por muitos anos, faltaram esquemas terapêuticos ajustados a esse perfil metabólico.
Especialistas em metabolismo e endocrinologia que participaram do estudo afirmaram que os resultados refletem com precisão as características clínicas e as necessidades terapêuticas dos pacientes chineses, por se basearem em dados locais.
Zhu Dalong, coautor do artigo e diretor do Centro Médico de Endocrinologia e Doenças Metabólicas do Hospital Gulou, vinculado à Faculdade de Medicina da Universidade de Nanjing, destacou que o estudo fornece evidências científicas para o tratamento de pacientes com sobrepeso, obesidade e diabetes na China, além de contribuir para o manejo do diabetes tipo 2.
O avanço do peptídeo Masto se insere em um movimento mais amplo da indústria farmacêutica chinesa, que busca ampliar o desenvolvimento de medicamentos originais. O setor tem investido em novos alvos terapêuticos, terapias celulares, como CAR-T, e no uso de inteligência artificial para acelerar etapas de pesquisa, desenvolvimento e validação de fármacos.
Dados oficiais indicam que, desde o início do 14º Plano Quinquenal, mais de 110 medicamentos inovadores desenvolvidos no país receberam aprovação para comercialização. Em 2024, a China ficou em segundo lugar no mundo em número de novos medicamentos em desenvolvimento. Até o fim de novembro de 2025, 68 medicamentos inovadores haviam sido aprovados, número superior ao total registrado em todo o ano anterior.
Fonte: news.cn


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