Durante o feriado de Finados de 2025, o número de viagens inter-regionais na China chegou a 287,48 milhões, aumento de 34,3% em relação ao feriado anterior e de 9,7% na comparação anual. A Região Autônoma da Mongólia Interior recebeu 2,99 milhões de turistas domésticos e gerou receita de RMB 1,86 bilhão. Segundo relatório da Tuniu, a combinação entre “paisagens famosas e raízes culturais” liderou a preferência dos viajantes. Dados da Meituan mostram que Guizhou, Yunnan, Hebei, Mongólia Interior e Shaanxi apresentaram o maior crescimento no turismo cultural e rural.
Turistas vestidos com trajes tradicionais posam em ruas antigas, participam de espetáculos públicos e buscam experiências que conectam viagem e identidade cultural. Práticas como essas se tornaram formas populares de turismo nos últimos anos e indicam como regiões chinesas têm explorado a cultura tradicional para fomentar o consumo cultural e turístico. A troca entre visitantes e destinos culturais fortalece novos significados sociais associados ao turismo.
A Mongólia Interior atraiu visitantes pela facilidade de planejamento, preços acessíveis e oferta de experiências locais. Em bairros históricos da região, turistas vestem roupas tradicionais e posam entre muralhas antigas e calçadas de pedra. Em Hohhot, a rua Saishang se tornou cenário para fotos em estilo dramático, com visitantes caminhando entre construções antigas.
O turismo fotográfico cresceu na Mongólia Interior em 2024. Bao Ying, proprietário de um estúdio local, afirmou que o número de atendimentos ultrapassou 100 clientes em dias de pico. Em Baotou, a Jin Street criou ambientes inspirados na cultura tradicional chinesa, atraiu lojas de hanfu, ateliês e estúdios, e fortaleceu o turismo na região.
A China tem mais de 2.500 empresas registradas no setor. Em 2024, a demanda de 25 milhões de consumidores movimentou RMB 40 bilhões. Segundo Du Mingyan, membro do Comitê Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, as redes sociais transformaram a fotografia cultural em tendência. O uso de trajes tradicionais aproxima o público da história e oferece uma vivência estética com forte apelo simbólico.
Espetáculos imersivos transformam turistas em personagens
Em Tianjin, a praça Daqianqian, no centro da Jin Street, recebe apresentações ao ar livre com trechos da peça clássica Nascer do Sol. O espetáculo conta com atores que interagem diretamente com o público e recriam cenas do passado com figurinos e elementos da década de 1930. Riquixás, empresários e mordomos compõem o cenário.

Feng, turista da Mongólia Interior, relatou que assistia à versão televisiva da peça na infância e que participar do espetáculo o fez se sentir parte da história local. Para ele, a atividade representou uma forma diferente de conhecer Tianjin.
Segundo Gong Hongru, diretora da Jin Street, os espetáculos ao ar livre ajudam a atrair visitantes e movimentar a economia local. O público interage com os atores e se envolve com a narrativa, o que estimula a circulação na área e fortalece o comércio.
A professora Yang Yunli, da Universidade Normal da Mongólia Interior, apontou que o turismo cultural integra setores como gastronomia, varejo, entretenimento e economia noturna. O consumo cultural, segundo ela, passou a incorporar experiências multissensoriais e personalizadas.
Turismo cultural redefine o modo de viajar
Na plataforma Xiaohongshu (RedNote), a tag “turismo cultural” ultrapassou 50 milhões de visualizações e soma mais de 160 mil publicações. Relatos sobre atividades culturais e vivências com patrimônios imateriais mostram o interesse crescente do público por experiências imersivas.
Para Zhang Hongsheng, diretor executivo da Faculdade de Gestão da Indústria Cultural da Universidade de Comunicação da China, esse modelo de turismo reflete a busca, especialmente entre os jovens, por experiências mais simbólicas e participativas. A proposta é envolver-se emocionalmente com o destino.
O turismo fortalece a valorização da cultura tradicional e tem incentivado a restauração de áreas urbanas. Segundo o Ministério da Habitação e Desenvolvimento Urbano e Rural da China, entre 2023 e 2024, mais de 300 bairros e 1.800 construções históricas foram revitalizados.
O pesquisador Feng Jicai afirmou que o “turismo profundo” depende da cultura, mas também a revela e a valoriza. Segundo ele, a ampliação dessas práticas poderá revelar a diversidade e a riqueza do patrimônio cultural chinês em todo o país.
Fonte: news.cn