Economia

Empresas privadas lideram comércio exterior da China pelo sexto ano seguido

Empresas privadas China
Fonte da imagem: Mao Siqian/ Xinhua

Em 2024, o valor total das importações e exportações da China somou RMB 43,85 trilhões, dos quais as empresas privadas responderam por RMB 24,33 trilhões. Pelo sexto ano seguido, essas empresas lideraram o comércio exterior do país. Em 2024, superaram a marca de 600 mil companhias com operações reais de importação e exportação, alcançando 609 mil. Também assumiram a liderança no comércio de produtos de alta tecnologia, com alta de 12,6% nesse segmento.

Internacionalização impulsiona expansão e competitividade

Segundo Li Chuanjun, CEO do Grupo Meide, a expansão internacional é um passo necessário para o crescimento empresarial. “Após anos de esforço, nossas operações já cobrem mais de 140 países e regiões”, afirmou. Em 2024, as vendas externas do grupo superaram RMB 4 bilhões.

De acordo com especialistas, a internacionalização oferece ganhos em duas frentes. No curto prazo, amplia o espaço para crescimento. No longo prazo, fortalece a posição das empresas nas cadeias globais e nos processos de definição de padrões internacionais.

Li Bingshu, secretário-geral da Câmara de Comércio Internacional para Cooperação Econômica Privada da China, destacou duas vantagens das empresas privadas no processo de internacionalização: agilidade na tomada de decisões e alta capacidade de adaptação ao mercado externo. Essas características permitem ajustes rápidos diante de mudanças e facilitam a adoção de novos modelos de negócios. Além disso, as empresas aproveitam a cadeia de suprimentos da China para acelerar a produção e reduzir custos.

Políticas públicas e acesso a capital favorecem a saída ao exterior

Medidas como o “sistema de serviço integrado” alfandegário simplificaram os trâmites de exportação. Além disso, fundos governamentais voltados ao comércio exterior ajudaram a mitigar riscos operacionais. Feiras como a Canton Fair e a China International Import Expo seguem como plataformas estratégicas para conquistar novos mercados.

As estratégias empresariais também evoluíram. Do comércio tradicional à instalação de fábricas no exterior, as empresas passaram a construir estruturas de operação mais próximas dos mercados-alvo.

Li Chuanjun atribuiu parte da confiança do Grupo Meide à diretriz de 2017 sobre abertura econômica. Para reduzir incertezas na cadeia de suprimentos, o grupo acelerou a construção de bases produtivas fora da China. “Bases no exterior permitem melhor sinergia com o país de origem. Além disso, a liquidação em múltiplas moedas reduz o impacto cambial”, afirmou.

Li Bingshu acrescentou que fatores como barreiras comerciais, necessidade de localização e expansão regional motivam a instalação de fábricas fora da China. Segundo ele, a experiência adquirida no exterior também melhora a gestão da matriz.

Empresas como o Grupo Meide mantêm a gestão central com equipes chinesas, mas contratam mão de obra local. A estratégia inclui exportar tecnologia e cultura de gestão, além de usar a transformação digital para aumentar a eficiência. Segundo Chuanjun, isso tem garantido retorno financeiro já no primeiro ano de operação.

Li Bingshu ressaltou que grandes empresas podem atuar como líderes de cadeias produtivas e promover a internacionalização de forma coordenada, com controle sobre padrões, qualidade e produtividade. Ele sugeriu que empresas de manufatura escolham parques industriais experientes e considerem reservas cambiais, políticas locais e condições de mercado para reduzir riscos.

Novos modelos exigem novas estratégias

Empresas que atuam com produtos e serviços digitais adotam caminhos distintos. É o caso da Wondershare Technology, especializada em software AIGC. “No Japão, temos mais de 5.600 parceiros locais”, afirmou Wu Taibing, presidente da empresa. A estratégia envolve estrutura organizacional localizada e análise de big data para identificar preferências regionais. Segundo Wu, o feedback de fãs, mídias sociais e dados de mercado orienta as decisões.

Compras públicas internacionais atraem empresas privadas

As licitações da ONU se consolidaram como alternativa para empresas chinesas. A Tianjin Zhongtou Investment Development, por exemplo, participa das compras da ONU desde 1995. “O foco não é apenas o lucro, mas a reputação global”, disse Chen Huaqing, vice-presidente da empresa.

Em 2023, a ONU emitiu 33.256 pedidos de compra, mas apenas US$ 300 milhões foram contratados diretamente com empresas chinesas — embora um terço dos produtos comprados venha da China, em um total de US$ 16 bilhões.

Apesar de o país ter mais de 600 mil empresas privadas com operações de comércio exterior, apenas 10 mil estão registradas como fornecedoras da ONU. Segundo Chen, as dificuldades incluem pedidos fragmentados, pagamento pós-entrega e trâmites burocráticos.

Para ampliar a participação chinesa nesse mercado, Chen fundou a Gongcai Digital Technology, que desenvolve uma plataforma de big data voltada às compras públicas internacionais.

Conformidade regula atuação no exterior

A operação internacional exige conhecimento das regras locais. A Wondershare, por exemplo, implementou um sistema de gestão de segurança de dados e mantém equipe dedicada à proteção de propriedade intelectual.

“Operar fora da China não é uma ação pontual”, afirmou Li Bingshu. Para ele, respeitar leis, regulamentos e culturas locais é essencial para preservar a imagem das empresas chinesas e garantir objetivos comerciais sustentáveis.

Fonte: jingjiribao.cn