Empresas chinesas do setor de vacinas intensificam a expansão internacional em 2024 e 2025, após aumento na concorrência doméstica. Companhias como Wantai Biological, Walvax Biotechnology e CanSino Biologics registram novos produtos no exterior, enquanto buscam oportunidades de cooperação industrial em países participantes da Iniciativa Cinturão e Rota.
Dados da Câmara de Comércio Chinesa de Importação e Exportação de Medicamentos e Produtos de Saúde mostram que a China exportou US$212 milhões em vacinas humanas em 2024, alta de 4,92% em relação ao ano anterior. O resultado marcou o primeiro crescimento desde 2022, após três anos de forte oscilação da demanda ligada à pandemia.
As exportações chinesas atingiram o pico em 2021, quando chegaram a US$15,66 bilhões impulsionadas pela vacina contra a COVID-19. Depois desse período, o volume caiu rapidamente.
Em 2024, Marrocos, Paquistão e Egito se tornaram os principais destinos das vacinas chinesas, todos com alta superior a 70%. As vendas para o Paquistão aumentaram 111,46%. Os cinco maiores mercados responderam por 55,39% do total. Além disso, Turquia, Brasil e Tailândia superaram US$10 milhões em importações.
Panorama global e reajuste de preços
Durante o Fórum da Grande Indústria de Saúde da Cidade Médica da China de 2025, Wang Hongyi, vice-presidente da CanSino Biologics, afirmou que as exportações passaram por reorganização e que os preços subiram. Dados da Câmara confirmam que o preço médio das vacinas aumentou 9,42% em 2024. Em comparação com 2019, o preço subiu 34,04%; em relação a 2017, ficou 1,63 vezes maior. Esse movimento indica avanço das empresas chinesas para segmentos de maior valor na cadeia global.
Empresas ampliam presença internacional
A CanSino Biologics enviou para a Indonésia, no fim de setembro, um lote da vacina meningocócica quadrivalente Manhaixin. Esse foi o segundo produto da empresa exportado, após a vacina contra a COVID-19. A companhia declara que busca ampliar o acesso a seus produtos no Sudeste Asiático, Oriente Médio, América do Sul e Norte da África.
A Watson Biotechnology informou que obteve receita externa de 214 milhões de yuans no primeiro semestre de 2025. O relatório semestral aponta exportações para 24 países e regiões, com volume acumulado superior a 63 milhões de doses. Os novos destinos incluem Gana e Mianmar.
Já a Wantai Biological registrou que, no primeiro semestre de 2025, sua vacina bivalente contra HPV recebeu autorização de mercado em 23 países e passou a integrar programas nacionais de imunização em oito deles.
Pressões internas aceleram movimento para o exterior
O avanço internacional ocorre em meio ao aumento da concorrência doméstica. Durante anos, muitas empresas chinesas priorizaram rotas tecnológicas tradicionais, com baixo risco e alta maturidade. Isso resultou em forte concentração em produtos populares, como vacinas contra HPV, pneumocócica e meningocócica. Além disso, a queda no número de nascimentos reduziu o mercado de vacinas infantis e pressionou o segmento primário. Já o mercado de vacinas secundárias enfrenta homogeneidade crescente.
Um executivo ouvido pelo First Financial Daily afirmou que há escassez global de algumas vacinas por causa do baixo número de fabricantes e da quantidade limitada de produtos aprovados na pré-qualificação da OMS. Esse cenário pressiona a indústria, especialmente para produtos mais novos.
Alinhamento a padrões internacionais
A Câmara de Comércio informa que mais de dez vacinas chinesas receberam Avaliação Preliminar de Qualidade (PQ) da OMS até setembro de 2024, o que facilita a circulação internacional dos produtos.
Segundo Wang Hongyi, as empresas chinesas iniciaram uma expansão mais profunda na cadeia de valor, passando da simples venda de produtos para modelos que incluem transferência de tecnologia, instalação de fábricas no exterior, realização de ensaios clínicos e cooperação em pesquisa e desenvolvimento.
Ele afirma que muitos países da Iniciativa Cinturão e Rota buscam criar capacidade própria de produção, enquanto empresas europeias e americanas mantêm foco tradicional nos mercados ocidentais. Essa combinação abre espaço para a entrada das fabricantes chinesas.
Fonte: yicai


Adicionar Comentário