“Algumas grandes potências obcecadas pela supremacia do poder mantêm uma mentalidade da Guerra Fria, aplicam a lei da selva, interferem nos assuntos internos de outros países e incitam guerras comerciais e tarifárias”, afirmou o embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, nesta segunda-feira (13), em evento realizado pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), em São Paulo, que reuniu representantes de empresas chinesas e brasileiras.
A fala vai ao encontro da forma e do tom que autoridades chinesas têm adotado em seus discursos diplomáticos, com mais clareza e assertividade, e ocorre no contexto em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma taxação de 100% sobre produtos chineses, em resposta à nova restrição de exportação de terras raras pela China anunciada por Xi Jinping.
O principal representante do governo chinês no Brasil também refletiu sobre aspectos do multilateralismo e sobre dilemas contemporâneos, como desenvolvimento ou retrocesso, união ou divisão, diálogo ou confronto, cooperação global ou jogo de soma zero. Ele afirmou que o desenvolvimento e o progresso mundial enfrentam “ventos contrários e correntes adversas”.
“A China permanece fortemente do lado certo da história e opõe-se resolutamente às práticas de hegemonismo, intimidação e tendências de desglobalização. (A China) é sempre defensora do multilateralismo”, afimou.
Durante o evento, foram discutidos temas para cooperação como inovação, cadeias produtivas, setor financeiro e sustentabilidade, além dos desafios geopolíticos e a dinâmica geoeconômica atual. “Temos um cenário de tensões na área econômica internacional que afeta irreversivelmente cadeias de valor em todo o mundo, e é nesse contexto que a parceria estratégica entre o Brasil e China torna-se ainda mais relevante.”, disse o presidente o CEBC, Luiz Augusto de Castro Neves.
O palestrante convidado do evento, Henry Huiyao Wang, fundador e presidente do Center for China and Globalization, propôs seis pontos para o fortalecimento das relações entre Brasil e China: aprofundar a cooperação em infraestrutura; ampliar o uso de moedas locais, como o real e o RMB, para reduzir a dependência do dólar; incentivar o desenvolvimento de energia verde; impulsionar a economia digital, com foco em inteligência artificial e robótica; promover a educação; e ampliar a cooperação acadêmica e entre think tanks.
“Os dois países compartilham a ideia de que o século 21 não deve ser definido pelo confronto, mas pela cooperação. Dentro do BRICS, do G20, de iniciativas multilaterais e da ONU, Brasil e China têm avançado consistentemente e sido uma voz forte pelo Sul Global.”
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